A funcionalidade de “no caso de (que)” no português brasileiro: um caso de gramaticalização e inovação linguística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Barreto, Kátia Elaine de Souza
Orientador(a): Souza, Edson Rosa Francisco de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2479
Resumo: O objetivo desta pesquisa é descrever o comportamento funcional de “no caso de (que)” no português brasileiro, sob a perspectiva teórica da Gramática Funcional (GIVÓN, 1979; DIK, 1989) e da Gramaticalização (GR - HOPPER & TRAUGOTT, 1993; TRAUGOTT, 1995), levando em consideração as motivações responsáveis pelas diferentes funções que a expressão assume em determinados contextos de uso. Como corpus, utilizamos recortes do corpus do português (http://www.corpusdoportugues.org/x.asp) no qual pudemos observar, num viés sincrônico, os vários usos de “no caso de (que)”. Entre os resultados, verificamos que os vários usos da locução “no caso de (que)” mostram aumento de gramaticalidade da expressão e mudança de categoria lexical, passando de “nome” a “conjunção” (de valor condicional), o que confirmou a nossa hipótese de que o articulador em questão (“no caso de (que)”) constitui um caso de GR. As mudanças semânticas da expressão atestam o continuum (de concreto > abstrato). Entre os resultados gerais, verificamos que: (i) as orações condicionais inseridas pela locução conjuncional “no caso de (que)” tendem a designar uma entidade de terceira ordem (proposição), ao passo que a oração principal tende a designar uma entidade segunda ordem (evento); (ii) as orações condicionais introduzidas pela locução conjuncional “no caso de (que)” tendem a ocorrer na forma não-finita (com o verbo no infinitivo); (iii) a forma de manifestação mais recorrente dos sujeitos da oração hipotática (condicional) é o sintagma nominal, seguida da forma pronominal; (iv) os sujeitos da oração condicional e da oração principal não são correferenciais (os sujeitos das duas orações são distintos em termos referenciais), fato que aponta para um grau menor de integração sintática entre as duas orações; por fim, (v) as orações condicionais introduzidas pela locução conjuncional “no caso de (que)” podem ocorrer no português brasileiro tanto na posição inicial (em 47% dos dados analisados) quanto na posição final (em 53% dos dados), evidenciando, assim, uma ordenação mais flexível da oração condicional em relação à oração núcleo.