Reflexão sobre a identidade nacional em As Naus, de Lobo Antunes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Négrier, Anabela Bingre de
Orientador(a): Santos, Rosana Cristina Zanelatto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1099
Resumo: As Naus, de Lobo Antunes, aqui analisada à luz das teorias da carnavalização de Mikail Bakhtin, promove a dessacralização de vultos históricos portugueses. Poetas, navegadores e colonos expulsos da Angola independente, retornam à pátria e são a imagem do declínio do império português.Logo depois da Revolução dos Cravos, milhares de retornados voltam a um país que não é o seu, um Portugal que é um Portugal de ficção. As vítimas da descolonização instalam-se numa pensão sórdida, a “Apóstolo das Índias”. As personagens, heróis da época das descobertas, cujos feitos foram decantados na epopéia Os Lusíadas, de Camões, e em Mensageem, de Fernando Pessoa, são na narrativa sósias paródicos desses heróis nacionais. Traficantes de todo tipo e capazes das piores vilanias, vivem da prostituição organizada das retornadas mulatas e outras atividades escusas. Suas identidades são desfiguradas e estão desterritorializados na Lisboa atual que não reconhecem. Perderam tudo. O homem de nome Luís atravessa a cidade de Lisboa arrastando o caixão do pai a quem não consegue dar um enterro. Vasco da Gama e D. Manoel, contemplam o Tejo e jogam antes de serem presos pela polícia e enviados a um hospício. Dom Sebastiao, o jovem monarca morto em Alcácer Quibir em 1578, é um jovem drogado e irresponsável. Desencantados, olham o mar e esperam a volta de D. Sebastião. Trata-se de um povo diante da impossibilidade de se livrar de seu passado e que ainda espera por um messias vindo do nevoeiro. Ao convocar os vultos históricos, dos quais sobram apenas os nomes, a obra consagra a farsa e o drama do esplendor perdido. Sobreposição temporal e carnavalização são aspectos analisados como elementos que promovem uma reflexão sobre as questões da identidade portuguesa numa realidade pós-colonial e fragmentária da qual os diversos narradores e o estilo barroco dão conta.