Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Diegues, Bernarda Acosta |
Orientador(a): |
Santos, Rosana Cristina Zanelatto |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1106
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Resumo: |
A América Latina tem, por definição histórica, inicialmente a mestiçagem, resultado da dominação ibérica (portuguesa e espanhola), e posteriormente a suplantação progressiva dessa dominação no tronco multiforme das culturas ameríndias, com a ulterior agregação do elemento africano. Em face da diversidade desses elementos, um problema latino-americano essencial tem sido e segue sendo encontrar sua identidade cultural, situação que se reflete na literatura ao buscar a apropriação de uma linguagem e a concretização de um conteúdo em uma língua em certa medida emprestada e dentro de um contexto político heterogêneo. A escritura latino-americana, descentrada, leva a língua de um lado para outro, desterritorializando-a e (re)territorializando-a num constante ir e vir, incorporando as línguas esquecidas, com suas ressonâncias míticas e resistentes à incorporação hegemônica, marcando o entre-lugar do discurso latinoamericano. A oralidade e a superposição de gêneros acabam sendo instâncias de resposta, de rebelação, de fissura frente ao local hegemônico. A prática de ir e vir entretece sensações imaginárias e reais motivadas pela experiência do encontro. Nesse trânsito, afirma-se o deslize, a mescla, a indistinção e o erro das línguas à deriva, que já não respeitam os idiomas estabilizados. A linguagem é então usada como matéria-prima sobre a qual se imprime a palavra desde uma perspectiva individual, pessoal e, ao mesmo tempo, sem apagar completamente os ecos de uma memória coletiva. Há, portanto, uma situação de convivência na zona de fronteira lingüística do espanhol e do português, ambos representantes da língua do conquistador, com o guarani, a língua do oprimido, do conquistado que converte seu falar em elemento de afirmação de reivindicação cultural. O contato dessas três línguas “contaminadas”, que se integram na escritura de Mar Paraguayo, de Wilson Bueno, promovem um movimento dialético que se propõe a resgatar a palavra viva, a palavra oral, da rigidez da escrita. Assim, o oral, ao deslocar-se em direção à escritura, converte-se em linguagem literário-poética. Ao utilizar o guarani, juntamente ao português e ao espanhol em Mar Paraguayo, Bueno consegue um efeito estético/literário que retoma a reflexão em torno da questão da cultura oral. A partir dessa problematização, a língua oral não se perde quando literalizada e mais: mostra que contrariamente às identidades modernas, que eram, na maioria das vezes, territoriais e monolingüísticas, as sociedades e as identidades da América Latina são transitoriais e multilingüísticas. |