Fauna flebotomínea e leishmaniose visceral americana em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, linha de fronteira Brasil-Paraguai

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Andrade, Ana Rachel Oliveira de
Orientador(a): Andreotti, Renato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1844
Resumo: O estado de Mato Grosso do Sul vem passando por um processo de urbanização que acarreta em perda de áreas com vegetação nativa. A retirada de cobertura vegetal aproxima vetores de agentes etiológicos do homem e de animais domésticos ocasionando modificações na epidemiologia de doenças como a Leishmaniose Visceral Americana. Ponta Porã é um município do estado que se caracteriza por fazer fronteira seca com o Paraguai e desde 2007 vem relatando casos da parasitose na população. O objetivo do presente estudo foi avaliar a fauna flebotomínea e os aspectos ambientais relacionados à transmissão da LVA em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2009 e 2010. Foram realizadas coletas quinzenais com armadilha automática luminosa modificada modelo CDC em sete áreas da cidade (contendo dois ecótopos: intradomicílio e peridomicílio) e coletas mensais com armadilha de Shannon em área central da cidade. Foi verificada a infecção natural das fêmeas coletadas através do método de dissecação e, posteriormente, da reação em cadeia da polimerase (PCR). A cobertura vegetal da área urbana da cidade foi avaliada através dos seguintes índices: vegetação por diferença normalizada (NDVI), índice de vegetação de ajuste do solo (SAVI) e índice de umidade por diferença normalizada (NDWI). Os resultados mostraram que a fauna flebotomínea da cidade é composta por oito espécies, com destaque para Nyssomyia whitmani, espécie vetora da Leishmania braziliensis no estado, e para Lutzomyia longipalpis, espécie vetora da Leishmania (Leishmania) infantum chagasi. Houve a predominância de machos em ambas armadilhas. Os insetos foram capturados em maior quantidade (61,5%) no intradomicílio e dentre as espécies coletadas, Lu. longipalpis foi a mais frequente (97,03%) e mais abundante estando presente durante todo o ano, com picos após os períodos chuvosos e demonstrando correlação positiva com a temperatura. Foi coletada em área central da cidade, através da armadilha de Shannon, uma fêmea da espécie Evandromyia cortelezzii naturalmente infectada com L. (L.) infantum chagasi. Não foi observada correlação positiva entre o número de flebotomíneos capturados com o número de casos humanos e caninos de leishmaniose, mas a concentração dos casos e de vetores em área central da cidade é motivo de alerta para manutenção do ciclo epidemiológico. A análise da cobertura vegetal e a correlação do NDVI, SAVI e NDWI com os flebotomíneos coletados, demonstrou ausência de correlação, sendo possível encontrar vetores em elevada quantidade tanto em áreas de mata quanto em ambientes antropizados. O encontro de Lu. longipalpis em regiões com pouca vegetação e umidade sugere a adaptação da espécie, demonstrando sua estreita associação ao homem e aos ambientes que ele habita. A característica turística de Ponta Porã reforça a necessidade de sua importância epidemiológica por ser município vulnerável e de transmissão esporádica de LVA; e sua localização geográfica, limítrofe com o Paraguai através de fronteira seca, torna possível a existência de corredor de entrada e saída de vetores e cães infectados entre os dois países.