Dieta e Frugivoria por Marsupiais Didelfideos em uma floresta estacional semidecidual no Parque Nacional Do Iguaçu, Paraná, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Casella, Janaina
Orientador(a): Caceres, Nilton Carlos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/580
Resumo: Atualmente a ordem Didelphimorphia apresenta uma única família, denominada Didelphidae, distribuída ao longo do continente americano (Emmons & Feer, 1997). No Brasil, são conhecidos pelo menos 15 gêneros e 65 espécies (Fonseca et al., 1996). Esse número ultrapassa 70 espécies quando considerada toda a Região Neotropical (Emmons & Feer, 1997). Os marsupiais neotropicais ocorrem desde as florestas austrais e habitats arbustivos da Patagônia, passando pelos Andes e toda extensão das florestas de planície subtropicais e tropicais, cerrados e chaco, até as regiões áridas de caatinga. Estendem-se ainda, representados por uma única espécie de gambá (Didelphis virginiana), até as regiões temperadas da América do Norte (Emmons & Feer, 1997). Os marsupiais didelfídeos ocupam uma grande variedade de nichos, sendo a maior parte dos gêneros de marsupiais neotropicais arborícolas ou ao menos escansoriais (Fonseca et al., 1996; Emmons & Feer, 1997). Podem ocupar um gradiente desde as espécies mais frugívoras, onívoras até as mais carnívoras (Santori & Astúa de Moraes, 2005). Essas diferenças entre as espécies nos nichos que ocupam podem permitir a coexistência de um maior número de espécies na comunidade, e devem implicar em especializações da morfologia diretamente ligadas à locomoção e à alimentação (Vieira, 2005). Estes marsupiais são remanescentes de um grupo ancestral da fauna de mamíferos terrestres que viveu durante a maior parte do Cenozóico, alcançando alta diversidade de espécies na América do Sul (Marshall & Cifelli, 1990). Os gambás e as cuícas neotropicais estão entre os mamíferos contemporâneos mais diversificados, sendo considerados um grupo de evolução mais recente (Mioceno) dentre os marsupiais (Oliveira & Goin, 2005). Os marsupiais atuais são mais arborícolas e onívoros, e isso pode ser atribuído à invasão de espécies de mamíferos placentários provenientes dos continentes do norte durante o Plioceno, o que foi chamado de 'Grande Intercâmbio Americano'. Essas espécies invasoras foram melhores competitivamente, conduzindo as espécies mais especializadas à extinção, entre elas alguns grandes marsupiais carnívoros, e colaborando para que as espécies mais arborícolas e/ou mais onívoras sobrevivessem (Webb & Rancy, 1996). Entre os gêneros conhecidos para a região neotropical, nove são compostos por espécies que usam o estrato arbóreo, mesmo que esporadicamente (Didelphis, Philander, Marmosa, Gracilinanus, Micoureus, Marmosops, Caluromys, Caluromysiops e Glironia), quatro usam exclusivamente o solo (Criptonanus, Thylamys, Monodelphis e Metachirus), ao passo que outros dois são associados a ambientes aquáticos (Lutreolina e Chironectes) (Fonseca et al., 1996; Emmons & Feer, 1997). Uma das vantagens que a vida arbórea traz é a possibilidade de se ter acesso a frutos antes que esses caiam e fiquem disponíveis no solo para outros organismos (Miranda & Passos, 2004). Para mamíferos não voadores, parece haver uma relação estreita entre a dieta do animal e o estrato vertical ocupado (Malcom, 1995; Vieira & Astúa de Moraes, 2003). Sendo assim, as espécies com maior atividade arbórea (e.g. Caluromys e Micoureus) seriam também aquelas para as quais os frutos são mais importantes na dieta (Charles Dominique, 1983; Santori & Astúa de Moraes, 2005). Devido à ampla distribuição geográfica dos marsupiais didelfídeos no Brasil, o conhecimento sobre ecologia dos membros desta família vem sendo acrescido também de informações sobre os hábitos alimentares. Os primeiros estudos no Brasil tiveram início na década de 40; contudo desde essa época até o momento, os mais variados estudos sobre dieta tratam de apenas uma pequena parcela dos marsupiais neotropicais, sendo que os biomas são pouco explorados em função de produção e disponibilidade de alimento aos marsupiais. O presente estudo aborda no primeiro capítulo, a dieta de Didelphis aurita, Micoureus paraguayanus e de Caluromys lanatus, e a relação da dieta como uso do estrato vertical e partição de recursos entre essas espécies. Após a caracterização das dietas, as relações entre disponibilidade de alimento no ambiente, amplitude alimentar e ciclo reprodutivo de D. aurita são tratados no segundo capítulo. Nestes dois capítulos, são enfocados também o oportunismo, a frugivoria e a capacidade de dispersão de sementes por estes animais.