Um olhar discursivo sobre as representações de língua e linguagem dos professores Terena

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Porto, Alessandra Manoel
Orientador(a): Souza, Claudete Cameschi de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1703
Resumo: Este trabalho propôs identificar e analisar as representações de língua e de linguagem no discurso de professores Terena, da região de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, visando à investigação de como se revela o processo identitário desse povo. Os procedimentos para a coleta de dados envolveram a realização das entrevistas, com questões previamente elaboradas, e a pesquisa bibliográfica. O universo da pesquisa envolveu dez professores indígenas das escolas das aldeias localizadas na Região de Aquidauana – MS. Os professores das escolas indígenas situadas nessa região passam por processos de formação acadêmica superior (graduação e pós-graduação), convivem com uma educação bilíngue – língua terena e língua portuguesa, com projetos de fortalecimento da língua materna. De modo geral, nosso trabalho organiza-se de forma a, no primeiro capítulo, definir os aspectos teóricos centrais que norteiam as análises dos dados da pesquisa para abordar os conceitos que entrecruzam o objeto de estudo da Análise do Discurso e dos Estudos Culturais, a saber: a língua, a linguagem, o discurso, o sujeito, as formações discursivas e a identidade. No segundo capítulo, traçamos um breve percurso sobre a educação escolar indígena no Brasil e como ela vem sendo implementada no Estado de Mato Grosso do Sul, em particular na Região Aquidauana, MS, ou seja, quais são as condições de produção dos dizeres do docente indígena sob a perspectiva das relações de poder. O terceiro capítulo constitui-se pelas análises/interpretações dos dados coletados e do aporte teórico, organizados por temas: A representação da língua como marca da autenticidade Terena; A representação da língua (terena ou portuguesa) como mecanismo de controle; A representação da língua terena como elemento de vitimização; A representação da língua (terena ou portuguesa) como desejo do outro, de completude. Os excertos/respostas aos questionamentos foram organizados na categoria SP, seguida de ordem numérica, representando cada um dos sujeitos. Os enunciados foram analisados a partir das perspectivas teóricas da Análise do Discurso e de algumas noções dos Estudos Culturais, permeadas pelo método investigativo de Foucault que compreende o discurso além de sua materialidade, como relação de poder oriunda das condições de produção em que é ideologicamente engendrado, bem como dos conceitos de identidade defendidos por Bauman (2005), Bhabha (2010), Coracini (2003, 2007), Eckert-Hoff (2008), Guerra (2010), Hall (2005), e de formação discursiva por Foucault (1971, 1987, 1990, 1992, 1997) e Authier-Revuz (1990, 1998). Nas análises dos discursos dos sujeitos entrevistados, a língua materna terena é concebida como principal “marca de identidade” do povo e a língua portuguesa como “instrumento de comunicação”, como meio estratégico de sobrevivência, “imposto” pela sociedade envolvente. Assim, podemos afirmar que os docentes indígenas, por meio de discursos habitados por equívocos e contradições, têm alteradas suas formações discursivas e suas ideologias, assim como se dá nas suas identidades docentes, ou seja, são sujeitos constituídos pelo outro/branco na ilusão de que são sujeitos unos, com identidade fixa.