No fim-final do sertão: dominação social no capitalismo de crise e a rapina de terras pela “milícia do agro” norte-mineira
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil IGC - INSTITUTO DE GEOCIENCIAS Programa de Pós-Graduação em Geografia UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/69919 |
Resumo: | Instrumento daqueles que personificam as categorias econômicas da hodierna forma social, a violência é o principal meio de subjugação de populações nos mais diversos processos de acumulação ocorridos ao longo da história do capital. Assolado por uma crise fundamental, que o comprime no beco da história da valorização do valor, o capital encurralado tem a violência como recurso para apropriação das “últimas fontes de criação duradoura de valor” (BEDSZENT, 2014). Sob esta fase, o fortalecimento de circuitos econômicos baseados na rapina exige a criação de aparelhos repressivos a eles compatíveis, o que tem gerado a insurgência de milícias em áreas urbanas e rurais especialmente na periferia do mercado mundial. As históricas disputas por terras no Brasil são hoje marcadas por esse que se mostrou ser um traço típico da derrocada da forma social capitalista – embora em aparência possam remeter a formas de violência típicas de tempos passados (como as que deram origem ao sistema coronelista). Como meio para subjugar e forçar expropriações de comunidades rurais, donos de terras do assim chamado “sertão mineiro” têm se organizado desde 2017 no entorno de uma milícia intitulada Movimento Segurança no Campo. A milícia ascende junto dos recentes movimentos de extrema-direita ruralista até aqui ligados ao que Pompeia (2022) chamou de “agrobolsonarismo”. Longe de remeterem a práticas de violência antigas ou a relações atrasadas, as ações perpetradas pela milícia integram um atualíssimo processo de asselvajamento dos métodos de repressão que ancora um processo de rapina de terras no norte de Minas Gerais, embora não seja esse o único fim a que se destina a organização. Objetivo com esta análise propor possíveis nexos entre a milícia Movimento Segurança no Campo e o processo de crise fundamental do capital, buscando compreender algumas das particularidades de sua emergência enquanto manifestação de uma forma histórica de violência. A partir de anotações feitas em conversas com representantes de entidades envolvidas nas disputas fundiárias interrogo o contexto de emergência dessa expressão de violência vinculada à milícia, refletindo sobre o seu sentido econômico e extra econômico. Além de pesquisa bibliográfica que informa sobre o atual cenário das relações produtivas norte mineiras, foram realizadas incursões a campo durante os anos de 2020 e 2021 no município de Montes Claros, base de articulação da milícia, mas também dos movimentos de luta pela terra por ela assediados. Proponho que, embora as disputas por recursos (como terra e água) que parecem representar “as últimas fontes de criação duradoura de valor” (BEDSZENT, 2014) no norte de Minas Gerais sejam determinantes para o surgimento das milícias, há motivações para a sua emergência que escapam ao cálculo econômico, estas, insufladas por aspectos de um radicalismo de direita tipicamente brasileiro. |