Síndrome metabólica e seus componentes na população brasileira: prevalência e desigualdades sociodemográficas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Laís Vanessa Assunção Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
ENFERMAGEM - ESCOLA DE ENFERMAGEM
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/38622
https://orcid.org/0000-0002-4390-0450
Resumo: Introdução: O fenótipo da Síndrome Metabólica (SM) permite identificar facilmente indivíduos em risco para ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, maior causa de morbimortalidade da população brasileira. No entanto, essas estimativas dependem de dados bioquímicos e antropométricos em nível nacional, o que pode ser possível utilizando dos dados laboratoriais da Pesquisa Nacional de Saúde. Objetivos: Estimou-se a prevalência de SM e seus componentes na população brasileira, e os fatores sociodemográficos associados à ocorrência desse fenótipo. Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, com dados laboratoriais da Pesquisa Nacional de Saúde. A SM foi definida pela presença de pelo menos três dos cinco fatores: colesterol HDL baixo, pressão arterial elevada, circunferência da cintura (CC) aumentada, hemoglobina glicada alterada e colesterol total alto, definidos conforme consenso e recomendações internacionais. Os fatores sociodemográficos foram: sexo, escolaridade, idade, cor da pele/raça e o recebimento do benefício do Programa Bolsa Família. Estimou-se prevalência da SM e seus componentes com intervalos de 95% de confiança. A associação entre os fatores sociodemográficos e a SM foi estimada por meio do cálculo da Razão de Prevalência (RP) não ajustada e ajustada utilizando regressão de Poisson. Repetiu-se o processo de modelagem com estratificação por sexo. Resultados: A prevalência de SM foi 38,4%. A CC aumentada (65,5%) e colesterol HDL baixo (49,4%) foram os componentes mais prevalentes, inclusive nos jovens. A ocorrência de SM foi maior entre mulheres (41,8%), indivíduos com baixa escolaridade (47,5%) e idosos (66,1%). Na análise ajustada, sexo feminino (RP= 1,16; IC95% 1,08-1,24), idade avançada (RP=3,69; IC95% 3,26-4,17) e baixa escolaridade (RP=1,32; IC95% 1,17-1,49) associaram-se à ocorrência de SM. Na análise estratificada por sexo, observou-se ainda que o efeito da escolaridade na ocorrência de SM foi muito maior entre as mulheres com 0 a 8 anos de estudo (RP=1,51; IC95% 1,30-1,77), mesmo após ajustes, efeito que não foi observado entre os homens. Conclusão: A SM foi muito prevalente na população brasileira, uma vez que de cada três brasileiros, um apresentava o fenótipo. Essa realidade foi ainda maior entre mulheres, indivíduos com baixa escolaridade e idosos, revelando importantes desigualdades sociodemográficas na ocorrência desse fenótipo, com diferenciais entre homens e mulheres. A CC aumentada e o colesterol HDL baixo foram os componentes mais prevalentes, mesmo em adultos jovens, sendo importantes preditores de deterioração metabólica e risco cardiovascular, respectivamente. Também se observou desigualdades sociodemográficas no acúmulo de fatores. O dimensionamento da SM pode ser uma estratégia enfrentamento das DCNT e seus fatores de risco com foco na promoção da saúde e na prevenção de riscos metabólicos, principalmente entre os grupos de mais afetados, uma vez que o fenótipo pode ser utilizado para identificar pessoas com maior risco para DCNT quando ainda é possível reverter os efeitos da deterioração metabólica. Esses achados ainda revelam a necessidade de considerar dados laboratoriais para análise mais precisa dessa condição em nível populacional, o que em âmbito nacional pode ser um desafio.