Fronteiras na educação : uma leitura sobre a trajetória escolar de imigrantes internacionais no Brasil, a partir do conceito de distorção idade-série

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Zakia Ismail Hachem
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/54850
Resumo: A partir de 2010, houve um aumento expressivo de imigrantes internacionais no Brasil, com mudanças de configuração segundo país de origem, com menor presença de imigrantes do Norte global e maior presença de imigrantes do Sul global, em especial de países americanos. Esse aumento repercutiu também na educação básica do país, com a ampliação da diversidade étnica de estudantes matriculados.O presente trabalho tem como principais objetivos caracterizar os grupos mais volumosos de imigrantes na educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e responder a questões relacionadas à trajetória escolar dos imigrantes que estão no ensino fundamental e médio, a partir do conceito de distorção idade-série. Essas questões buscam compreender se ser imigrante implica em trajetórias mais distorcidas se comparado aos brasileiros, e se o país de origem impacta nessa relação. Além do mais, verifica se configurações migratórias de crise estabelecem alguma relação com o atraso escolar, assim como analisa se o contexto de maior número ou diversidade de imigrantes dentro da instituição escolar exerce alguma influência sobre essa medida educacional. Para responder a essas perguntas, a tese revisita as literaturas de educação e estratificação social como fundamento teórico das discussões propostas, além, é claro, de abordar referenciais teóricos nacionais e internacionais sobre educação de imigrantes. Na parte empírica, lança mão de dois momentos analíticos, ambos tendo o Censo Escolar como fonte de dados. O primeiro deles, descritivo, identifica as mudanças de fluxos migratórios nas matrículas ao longo da última década e caracteriza os dez grupos com maior volume de matrícula no ano de 2019 para as três etapas que compõem o ensino básico. Já o segundo momento busca responder as perguntas da tese relacionadas à distorção idade-série para ensino fundamental e médio, a partir da técnica de regressão logística binomial multinível. Os resultados indicam que a condição de imigrante e a configuração migratória não são suficientes para explicar o fenômeno de distorção idade-série, contudo, país de origem é sim um fator que explica a trajetória de discentes. Chama atenção os dados de distorção idade-série bem acentuados para haitianos nos dois níveis de ensino e para paraguaios no ensino fundamental. No caso dos japoneses, os resultados indicam a importância de se considerar o destino migratório, como a região do país, e a dependência administrativa ao qual estão vinculados. Por fim, as análises mostram que o contexto escolar exerce impacto sobre os estudantes do ensino fundamental, com efeitos favoráveis ao atraso para diversidade migratória e desfavoráveis para volume de imigrante. Para o ensino médio, os dados contextuais não foram significantes, indicando que nessa etapa de ensino são outros fatores que influenciam na distorção idade-série.