Avaliação dos primeiros cem óbitos por COVID-19 e transmissão intra-hospitalar, um risco negligenciado no início da pandemia
Ano de defesa: | 2022 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Infectologia e Medicina Tropical UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/53084 https://orcid.org/0000-0002-5834-2420 |
Resumo: | O mundo enfrentou uma das maiores crises de saúde pública e econômica com a pandemia de COVID-19 de inicio em dezembro 2019 em Wuhan, China. Nenhum estudo detalhado regional no Brasil dos primeiros óbitos por COVID-19 foi realizado anteriormente. Esse estudo objetivou descrever características demográficas, clínicas e radiológicas dos primeiros 100 óbitos por COVID-19 de Belo Horizonte. Estudo transversal dos primeiros cem óbitos por COVID-19 ocorridos em BH, capital de MG. Os dados foram coletados dos prontuários médicos, de agosto/2020 a outubro/2020 utilizando uma ficha de investigação de óbitos, disponibilizada pelo Centro Informações Estratégicas Vigilância Saúde (CIEVS) de BH. Foram excluídos 7 pacientes por falta de informação para estudo, e substituídos pelo óbito seguinte. Para banco de dados e análise estatística, foram utilizados o programas Excel e SPSS Statistics for Windows and Macintosh. Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sob o número CAAE 34103320.6.0000.5149. Os cem óbitos ocorreram em 19 hospitais, de 30 março 2020 a 19 junho 2020, sendo 47 homens e 53 mulheres. A média da idade foi 69,3 ± 14,8 anos, sendo 64% entre 61 e 90 anos, e 89% maiores de 50 anos. Em relação a raça, foram 50 parda, 42 branca, e 7 preta. Observamos em média 6,5 dias entre o início dos sintomas e a internação, 15,5 dias o início dos sintomas para o óbito, e 11,3 dias de hospitalização. Encontramos em 50 desses óbitos até 4 condições de risco, e em 25 foi definido limitação de esforço terapêutico em algum momento do tratamento. Houveram 14 infecções relacionadas a assistência a saúde (IRAS) conforme critérios ANVISA e 24 possíveis IRAS (se início dos sintomas dentro de 3 a 14 dias após a internação ou alta). Um determinado hospital investigado enfrentou surto, notificado ao CIEVS, onde dos 18 óbitos encontrados no nosso estudo provenientes desse hospital, 15 foram possíveis IRAS. Os sintomas mais frequentes foram: dispneia 100%, desconforto torácico 85%, febre 77%, tosse 75%. As condições de risco mais frequentes foram: idade > 60 anos 72%, hipertensão arterial sistêmica 69%, diabetes melittus 47%, DPOC 32% e Obesidade 24%. A radiografia de tórax (n=75) revelou 92% infiltrado intersticial, 23% consolidação, e a tomografia de tórax (n=49) 86% infiltrado vidro fosco, 35% consolidação. As complicações mais frequentes: choque séptico 98%, sepse secundária 68%, hiperglicemia 54%, insuficiência renal dialítica 49%. Chamamos atenção para a alta frequência das IRAS por COVID-19 nos primeiros cem óbitos notificados ao CIEVS de BH. Alertamos para necessidade de elevação da suspeição diagnóstica no início de surtos e epidemias, para que seja realizado diagnóstico precoce e instituição rápida de medidas preventivas. |