Cinemática das marchas batida e picada durante julgamento de equinos montados da 39ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Felipe César Álvares Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
VETER - ESCOLA DE VETERINARIA
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/57206
Resumo: A raça Mangalarga Marchador é responsável pelo mais representativo rebanho equino do Brasil e possui a marcha como andamento natural. Desde a criação do primeiro padrão desta raça, a marcha batida (MB) e a marcha picada (MP) foram englobadas dentro de uma única definição. Desse modo, avaliações mais criteriosas são necessárias para diferenciar e melhor compreender as variáveis de locomoção em ambas as modalidades. O objetivo do presente trabalho foi descrever e comparar, através da análise de vídeo, as variáveis cinemáticas da MB e MP, visando caracterizar e identificar as diferenças nos andamentos apresentados por esses animais. A etapa experimental foi desenvolvida durante a 39ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, ocorrida entre os dias 18 e 30 de julho de 2022, no Parque de Exposições Bolívar de Andrade, em Belo Horizonte/MG. Foram avaliados 147 animais em idade de montaria, classificados como “Campeão”, “Reservado Campeão” e “Primeiro Prêmio” (primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente) em cada categoria de marcha, sendo 27 categorias de MB (39 garanhões e 42 éguas) e 22 categorias de MP (27 garanhões e 39 éguas). O plano de filmagem foi demarcado na pista durante a competição. Para análise cinemática, foram filmados os sete animais finalistas dos julgamentos oficiais de marcha de cada categoria, com uma única câmera de vídeo posicionada para a aquisição dos dados bidimensionais a 240 quadros por segundo (Hz). Determinou-se: a distribuição do tempo em cada tipo de apoio (quadrupedal, tríplice, bipedal, monopedal) e suspensão; comprimento, frequência, duração e velocidade média das passadas; dissociação de apoio dos bípedes diagonais; e análise das pegadas (ultra, retro e sobrepegada) . Foi realizada análise multivariada pela metodologia de componentes principais (PCA) para estudo da relação entre as variáveis sexo, idade, tipo de marcha e distribuição dos apoios e ANOVA para 2 fatores (tipo de marcha e sexo), seguida de Tukey (α = 5%). As variáveis que não apresentaram normalidade e/ou homocedasticidade, foram submetidas à análise de Kruskal-Wallis, seguida de Tukey (α = 5%). Os animais de MB foram conduzidos em menor velocidade (p<0,05) que a MP. Também diferiram na maioria das variáveis cinemáticas analisadas (p<0,05), exceto nos apoios tripedais pélvicos e na duração das passadas. A MP, em velocidade média de 11,38 km/h, apresentou predomínio de apoios laterais seguidos por diagonais, tríplice torácico, tríplice pélvico e monopedal pélvico. A MB teve predomínio de apoios bipedal diagonal, seguida de tríplice torácico, tríplice pélvico, quadrupedal e bipedal lateral. Não houve momentos de suspensão em nenhum dos tipos de marcha. Apoios que não estão descritos no Padrão da Raça foram encontrados nos animais, como os apoios monopedal torácico e pélvico na MP e os apoios quadrupedal, bipedal pélvico e monopedal torácico e pélvico na MB, embora representaram curto tempo em relação ao total da passada. Todos os animais de MP apresentaram dissociação negativa e foram mais dissociados que a MB. A maioria dos equinos de MB apresentaram a retropegada, com média de 11,20 centímetros de distância média entre os talões do membro torácico e pinça do membro pélvico, discordando do atual Padrão da Raça MM que prevê a ocorrência de sobre ou ultrapegada como característica ideal. Na MP, a maioria dos animais apresentaram ultrapegada, sendo que os machos tiveram maior distância média entre as pegadas dos membros torácico e pélvico. MP apresentou maior comprimento das passadas, sendo que houve diferença entre sexo. Pela análise de componentes principais, foi observado variação considerável na distribuição dos tempos de apoio da MB, ocasionando grande dispersão dos valores deste grupo, o que demonstra a necessidade de melhor padronização dessa modalidade de andamento. Conclui-se que os andamentos MB e MP de equinos premiados da raça MM diferiram na maioria das variáveis analisadas, sendo necessários novos estudos que avaliem ambas as modalidades de marcha em velocidades equivalentes e com melhor padronização na forma de condução dos animais.