Os efeitos recíprocos entre dinheiro e voto em eleições para o Senado no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bruno Fernando da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/36443
http://orcid.org/0000-0002-7652-6362
Resumo: Esta tese analisa, a partir de uma perspectiva até então inédita na literatura brasileira, as relações estabelecidas entre dinheiro e voto, tendo como objeto as eleições de 2006 a 2014 ao Senado Federal. Diferentemente da maior parte dos trabalhos empíricos sobre o tema, parte-se do pressuposto de que o financiamento de campanhas e o desempenho em eleições se afetam mutuamente na medida em que as expectativas quanto aos resultados influenciam as arrecadações tanto quanto elas afetam as votações dos competidores. Isso porque, se os doadores de campanha agem estrategicamente visando garantir acesso ao poder, a viabilidade eleitoral dos candidatos deve ser um aspecto fundamental para a escolha de quem será financiado. Igualmente, competidores que arrecadam mais dispõem de mais recursos para investir em marketing, planejamento e estratégias eleitorais que podem garantir uma maior votação. Uma vez que os resultados demonstram uma forte correlação entre as intenções de voto e as receitas eleitorais, discute-se quais são as implicações metodológicas disso para a análise da relação entre dinheiro e voto e propõe-se alternativas para enfrentar o problema da endogenia com base em abordagens de estudos anteriores. Uma possibilidade, que não soluciona o problema da reciprocidade, mas que reduz a superestimação do dinheiro, é controlar adequadamente os modelos com variáveis associadas às receitas e que afetam o voto. Outra possibilidade é de que se empreguem técnicas específicas para o controle da endogenia. Dentre as utilizadas por pesquisas pregressas, optou-se por estimar o efeito do financiamento sobre o desempenho a partir de variáveis instrumentais em regressões de mínimos quadrados em dois estágios (2SLS). Os resultados indicam uma redução de 16% na magnitude do coeficiente estimado para as receitas quando obtidas em dois estágios em comparação ao modelo de mínimos quadrados ordinários (OLS). Mais que isso, os achados sugerem que fatores como concorrer à reeleição e ter sido eleito prefeito anteriormente tinham seu efeito subestimado quando aferidos por OLS. Tomados em conjunto, os resultados implicam na necessidade de empregar variáveis e técnicas adequadas para que se possa compreender o efeito do dinheiro sobre o voto em eleições majoritárias, a partir de modelagens que busquem minimizar os vieses estatísticos causados pela omissão de variáveis e por problemas de endogenia.