Narrador, tempo e memória em "Cerimônias do esquecimento", de Ricardo Guilherme Dicke

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Everton Almeida Barbosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/ECAP-9HMKFJ
Resumo: Esta tese enfoca 'Cerimônias do Esquecimento', de Ricardo Guilherme Dicke, com o objetivo de refletir sobre a busca pela identificação do narrador, através de suas relações com o tempo e com a memória, tendo a bíblia como substrato religioso e a ditatura militar brasileira como substrato histórico e ideológico. Do ponto de vista formal, um aspecto central desta tese, tomado a partir da concepção de narrador de Walter Benjamin, é a permanência de aspectos do narrador tradicional na escrita do romance, razão pela qual busca-se identificar traços desse narrador no romance em questão. Mediante um complexo procedimento composicional que destitui o caráter referencial dos pronomes pessoais enquanto índices de diferenciação entre narrador e personagens, o protagonista empenha-se exaustivamente em recuperar a imagem do pai ausente, e, no nível da própria abordagem estética, investe no equcionamento sobre a posição do autor em relação à linguagem. Há uma evidente indiferenciação referencial a que corresponde uma indiferenciação entre temporalidades e memórias com as quais o personagem se defronta, no mesmo processo em que, da busca de identificação do pai, passa à busca pela identificação e afirmação de si mesmo. A relação com o pai é inicialmente abordada sob a perspectiva da teoria de Freud e implica a relação com a autoridade violenta e repressora, questão que se aplica também a uma reflexão sobre a experiência com governos autoritários. Como resultado, propõe-se que o romance oferece outro sentido de autoridade, adquirida por sabedoria, aspecto característico do narrador tradicional, segundo Benjamin. Em última instância, essa leitura visa levar à reflexão sobre o lugar da subjetividade na contemporaneidade. Espera-se, também, situar a produção de Ricardo Guilherme Dicke no âmbito da produção literária contemporânea no Brasil.