The comic and the tragic nature in William Shakespeare: a characterological study
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil FALE - FACULDADE DE LETRAS Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/71361 |
Resumo: | O argumento desta tese é embasado por dois princípios críticos. O primeiro consiste na tradição, conservada por uma sucessão de ilustres críticos shakespearianos, como Samuel Johnson, William Hazlitt, Andrew Cecil Bradley, Harold Goddard e Harold Bloom, de ênfase em personagens nas peças de William Shakespeare. A segunda é a grande divisão, feita por Northrop Frye na sua influente obra Anatomia da Crítica (1957), da literatura em dois modos literários: o cômico e o trágico. A ênfase em personagens leva a uma divisão também ampla de personagens dramáticos em dois tipos: cômicos e trágicos. No capítulo 1, é discutida a individualidade dos personagens nas obras de Shakespeare e como a natureza de suas vontades e inclinações pode ser entendida como cômica ou trágica, tendo em mente a teoria de Frye acerca da comédia. Nos capítulos 2 e 3, discuto como os personagens d’O Mercador de Veneza e de Medida por Medida incorporam uma natureza cômica e também mostro como o sentido cômico envolve um significado de encobrimento, um elemento não explorado por Frye. N’O Mercador de Veneza, Portia promove salvação evitando derramamento de sangue, embora as razões para suas ações permaneçam misteriosas, ou seja, as motivações por trás da salvação permanecem encobertas. Em Medida por Medida, Vincentio também promove salvação ao encobertar, por meio de ironia, as razões pelas quais a ordem social é mantida. Portanto, defendo que o sentido de acobertamento está relacionado ao cômico. Nos capítulos 4 e 5, discuto a destruição, elemento-chave do sentido trágico, em Rei Lear e em Hamlet. O que torna Hamlet trágico é sua natural incapacidade de aceitar a estrutura da realidade, o que o leva a perturbar o status quo. Hamlet, ao revelar a verdade sobre o assassinato de seu pai, remove a acobertamento da podridão da Dinamarca. O que torna Lear trágico é que a perturbação da ordem social pela qual ele é responsável o leva a concluir que o sofrimento é a essência da vida. Tanto em Rei Lear quanto em Hamlet, o sentido trágico deriva de uma incapacidade de aceitar a estrutura da realidade, o que faz emergir um sentido de vazio cosmológico, cujo encobrimento é removido em Rei Lear. Portanto, parte do sentido trágico em Shakespeare consiste na destruição do encobrimento que mantém a ordem social corrente. Por fim, no capítulo 6, mostro como a transformação que Macbeth sofre se deve a uma força desconhecida representada pelas bruxas e pelos espíritos que as controlam, ou seja, pelo destino. Macbeth, portanto, sofre uma transformação de natureza; ele passa de uma natureza (parcialmente) cômica para uma natureza trágica, o que significa que, ao assassinar Duncan contra sua vontade, ele destrói o acobertamento do destino, o principal responsável por sua mudança de natureza. Seu solilóquio final reflete tal transformação uma vez que se assemelha ao sentido de vazio cosmológico observado em Hamlet e Rei Lear. |