Experiências formativas de educadoras de jovens, adultos e idosos: uma costura coletiva.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Angelita Aparecida Azevedo Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/36325
Resumo: A pesquisa, que se insere no campo da formação docente, parte da constatação de que, em nosso país, a maioria dos/as docentes que trabalha na Educação de Jovens e Adultos (EJA) não teve uma formação específica para essa modalidade educativa, conforme apontam Soares e Simões (2004); Soares (2006,2008); Porcaro (2011); Silva, Porcaro e Santos (2011); Laffin (2012); Ventura (2012); dentre outros. Mesmo sem preparação específica para trabalhar na EJA, quais conhecimentos e experiências trazem educadores/as dessa modalidade? Quais demandas formativas apresentam? Buscou-se compreender a constituição da docência na EJA a partir de um processo formativo coletivo, dialógico de produção e sistematização de conhecimentos em ambiente de trabalho por meio da pesquisa-ação-crítico-colaborativa (PIMENTA, 2005), utilizando narrativas, inclusive as (auto)biográficas (SOUZA, 2014; PASSEGGI, 2011, 2016; DELORY-MOMBERG (2008); a Sistematização (JARA, 2012) e a Documentação narrativa de experiências pedagógicas (SUÁREZ, 2008, 2010). Participaram do estudo a pesquisadora e seis educadoras da EJA das séries iniciais do Ensino Fundamental, dos municípios de Diogo de Vasconcelos e Acaiaca (MG). Foram realizados vinte encontros reflexivos com duas horas de duração em Diogo de Vasconcelos (2018-2019) com temáticas demandadas pelo grupo: narrativas autobiográficas das educadoras e dos/estudantes; aprendizagem de idosos; o processo de alfabetização a partir da Psicogênese da Língua escrita; as especificidades na EJA; práticas em sala de aula que as educadoras efetivavam e que consideravam significativas; as descobertas e os desafios na docência na EJA e a vida e obra de Paulo Freire. O grupo produziu uma revista de narrativas autobiográficas das educadoras e dos estudantes e outra com textos das educadoras acerca da docência na EJA e uma colcha de retalhos que refletem o processo de incompletude do ser (FREIRE) e o quanto nos constituímos na relação com o outro. O processo de interpretação dos dados fundamentou-se na abordagem compreensiva-interpretativa, com a leitura em três tempos (SOUZA, 2014) e na definição das unidades de análise realizada no grupo a partir do que o processo formativo significou para cada participante, sendo: a aprendizagem de idosos, as especificidades na EJA, as contribuições de Paulo Freire para a docência e os encontros e os desencontros na EJA. Pela trajetória do grupo e na construção da colcha de retalhos, foi possível confirmar que as educadoras se implicam no trabalho que desenvolvem, que têm a consciência do inacabamento, dos desafios enfrentados no cotidiano da docência na EJA; que, embora tragam muitos saberes, provenientes, especialmente, da vivência em sala de aula, admitem possuir uma formação frágil; que precisam compreender melhor os/as seus/suas alunos/as nos processos de construção do conhecimento e as práticas mais adequadas para atender às particularidades. Houve efetivo envolvimento das educadoras na pesquisa-ação, permitindo afirmar que o ambiente colaborativo é formativo. A pesquisa contribui com o campo da formação docente da EJA ao reforçar e ampliar a discussão sobre as especificidades da EJA, sobre as ideias-força da formação e sobre os possíveis conhecimentos de base dessa formação. Destaca-se a importância da formação permanente em ambiente colaborativo e dialógico, no qual os sujeitos são considerados, participam da definição dos rumos do estudo a partir de seus desejos e necessidades; narram-se, encontram-se entre si e com os/as seus/suas estudantes mediados pelas narrativas, e ampliam conhecimentos de si e do outro; reforçam as relações interpessoais mediadas pelo conhecimento.