Universidade 42: a proposta de uma instituição sem professores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bruna Carolina Mendonça Franco e Fraga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/44557
Resumo: Este trabalho se constitui em um estudo sobre os imaginários de educação presentes no discurso da Universidade 42 (42 University), instituição educacional com unidades em 17 países, incluindo o Brasil. O modelo pedagógico dessa instituição é baseado no ensino e na aprendizagem realizado pelos próprios alunos, por meio da gamificação , dispensando-se a figura do professor. O objetivo desta pesquisa foianalisar os pressupostos políticos e pedagógicos em tal modelo, investigando, no corpus discursivo, as marcas textuais que os expressam. Para tanto, utilizamos comoabordagem teórico-metodológica a teoria de Imaginários Sociais, de Cornelius Castoriadis, e a Análise do Discurso, em Patrick Charaudeau. A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise de textos presentes no sítio eletrônico da universidade e em reportagens sobre a instituição. Para o desenvolvimento deste projeto, mobilizamos teorias sobre temas como “Imaginário Social”, “Educação Superior”, “Morfologias de trabalho”, “Docência” e “Metodologias”. Os resultados encontrados indicam que a U42 busca alinhar o seu discurso aos imaginários de rebeldia e de não adequação ao status quo. Porém, demonstrou-se que ela, na realidade, opera de forma a reforçar o sistema sociopolítico vigente. Além disso, verificou-se que o discurso da U42 estabelece relações com as novas morfologias do trabalho, relacionadas à flexibilização dos contratos e à informalidade. Foi observado também que os discursos relacionados à Instituição atribuem uma noção de causalidade entre funcionamento da universidade e atendimento aos interesses dos empresários. Verificou-se que os pressupostos pedagógicos da Universidade 42 se relacionam com pressupostos do neoliberalismo, uma vez que as práticas da Instituição valorizam de forma estrita a aquisição do emprego, o empreendedorismo e o atendimento ao mercado, não apresentando iniciativas voltadas para a aprendizagem vinculada à cidadania. Observou-se também, nestes discursos, que a iniciativa pública foi identificada como ineficiente, enquanto a privada atenderia aos interesses do desenvolvimento econômico. Constatou-se, ainda, atos de fala que relacionaram o dito modelo inovador da U42 à aprendizagem ativa e à uma maior chance de emprego, ao mesmo tempo em que relacionaram a aprendizagem passiva à dita educação tradicional, que geraria, para os enunciadores, uma “fábrica de desempregos”.