Avaliação do impacto prognóstico da hipertrofia ventricular esquerda ao eletrocardiograma identificada por laudo automático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nathalia Coelho de Castro Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Infectologia e Medicina Tropical
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/64941
Resumo: Introdução: A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) consiste em um aumento da massa ventricular esquerda e está associada a mudanças estruturais complexas no miocárdio, que influenciam a geração e propagação do estímulo elétrico pelos ventrículos, alterando o eletrocardiograma (ECG). O ECG é o exame inicial para avaliação de pacientes com suspeita de cardiopatias devido a sua ampla disponibilidade, baixo custo e facilidade de execução. Entretanto, os critérios eletrocardiográficos para diagnóstico de HVE tem baixa sensibilidade quando comparados ao ecocardiograma (ECO), que é o padrão ouro. O advento do tele- ECG e a disponibilidade sistemas de análises automáticos tornaram possível a utilização em larga escala da eletrocardiografia, mas são escassos os estudos quanto à prevalência e o prognóstico da HVE detectada de forma automática ao ECG. Objetivos: Avaliar a acurácia e definir um ponto de corte para o diagnóstico de HVE pelos critérios de Romhilt-Estes no ECG (HVE-RE), usando o sistema automático de Glasgow (HVE-RE-Glasgow). Descrever a prevalência e avaliar se a presença de HVE-RE-Glasgow no ECG é fator de risco independente para mortalidade geral ajustada por idade, sexo e comorbidades em coorte eletrônica de pacientes da atenção primária à saúde em Minas Gerais. Métodos: O estudo é constituído por duas etapas. A primeira consiste na avaliação da acurácia e definição do ponto de corte para diagnóstico de HVE-RE pelo Glasgow, que é um Para isso, foram aleatoriamente selecionados 1000 ECGs, sendo 500 HVE-RE e 500 normais, realizados entre outubro de 2018 e julho de 2019 na Rede de Telessaúde de Minas Gerais (RTMG). Todos os exames foram laudados por dois cardiologistas e se houvesse discordância entre eles, um terceiro faria revisão para garantir que os laudos estivessem corretos. Após exclusão de 243 exames, 757 ECGs, constituíram a amostra de derivação, sendo 385 HVE-RE e 373 normais. Nesta amostra, para a definicão do melhor ponto de corte para diagnóstico de HVE-RE pelo software Glasgow, foram feitas análises baseadas na curva receiver operating characteristic (ROC), global e por subgrupos (idade < ou >= 40 anos e sexo). Para a avaliação da acurácia do ponto de corte global, foi realizada validação externa em ECGs da mesma base de dados, porém em um período posterior ao primeiro (de agosto a dezembro de 2019). A segunda parte, consiste na avaliação da prevalência e do impacto prognóstico da HVE-RE realizada na coorte CODE (Clinical Outcomes in Digital Electrocardiology), que inclui pacientes maiores de 18 anos com ECGs válidos realizados pela RTMG de 2010 a 2017. Somente o primeiro ECG de cada paciente foi avaliado. Um pareamento probabilístico entre dados do ECG e do sistema de informação de mortalidade de Minas Gerais foi realizado, e para avaliar a relação entre HVE e mortalidade, foi utilizada a regressao de COX ajustada por idade, sexo e comorbidades. Resultados: A amostra de derivação (757 pacientes) era constituída em sua maioria por mulheres (61,6%), com mediana de idade 57 anos (45-70). O ponto de corte encontrado foi de 414 com uma área sob a curva ROC 0.94 (95% CI: 0,93-0,94) com uma sensibilidade de 93% e especificidade de 94% para o diagnóstico de HVE-RE. A validação externa foi realizada em uma amostra de 3119 pacientes (58,5% mulheres) e com mediana de idade de 53 anos (38-65 anos. Aplicando os pontos de corte encontrados, encontrou-se uma sensibilidade de 96% e especificidade de 87% global, 87% de sensibilidade e 93% de especificidade quando ajustado por idade e sexo. Da base de dados CODE com 1.558.415 pacientes, foram incluídos 1.389.331 pacientes acima de 18 anos de idade. Foram excluídos exames isoelétricos, com interferências, troca ou mau posicionamento de eletrodos, que pudessem comprometer a análise, e aqueles com diagnósticos eletrocardiográficos que prejudicam o diagnóstico de HVE (ritmo de marcapasso, bloqueio de ramo esquerdo e pré-excitação ventricular). A prevalência de HVE-RE-Glasgow encontrada foi de 17,0% e a mediana de idade de 51 anos. Em um seguimento mediano de 3,47 anos a taxa de mortalidade por todas as causas foi de 2,68% na população geral. Quando ajustada por idade e sexo e comorbidades, observou-se o aumento do risco de 33% (HR 1,33 95% IC 1,30-1,37) (p<0, 001) para os pacientes com HVE-RE-Glasgow. Conclusões: O escore automático de Glasgow apresentou boa acurácia quando comparado a análise manual para detecção de HVE-RE. A HVE-RE pelo ECG foi identificada como um fator de risco independente para mortalidade geral nesta população. A detecção automática da HVE-RE pelo ECG pode ser utilizada como uma ferramenta suplementar na avaliação prognóstica dos pacientes com suspeita de cardiopatia. Palavras-chave: Eletrocardiograma; Hipertrofia ventricular esquerda; Mortalidade.