Inventário de miudezas: crônica recombinante, procedimentos recreativos e estética da decepção em Hilda Hilst
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil FALE - FACULDADE DE LETRAS Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/69539 |
Resumo: | Esta tese tem como objetivo analisar a edição 132 crônicas: Cascos & carícias e outros escritos (2018), de Hilda Hilst, com foco nos processos criativos e de arquivamento da escritora, examinados de acordo com a concepção de um inventário incidental, apreendido como formato arquivístico do livro. Inicialmente, pretende-se conceber como inventário o gesto de compilação e autocitação de Hilst nas crônicas de jornal escritas entre 1992 e 1995 no Correio Popular de Campinas (SP). Para embasamento teórico da tese, recorro aos estudos de Reinaldo Marques (2015) sobre o trabalho com arquivos literários, associando o pesquisador de acervos de escritores ao ofício do contador de histórias a partir de documentos e outros achados utilizados. Também menciono Jacques Derrida (2001) ao utilizar o princípio de consignação, a fim de conjugar o estudo das crônicas aos documentos primários miúdos e dispersos (bilhetes, cartas dos leitores, recortes de jornal, datiloscritos, escritos esparsos de agendas e cadernos) que estão sob a guarda do Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (CEDAE) da Unicamp. Quanto à acepção de inventário e suas relações com a literatura, valho-me de reflexões teóricas contidas nos trabalhos de Maria Esther Maciel (2009) e Kelvin Falcão Klein (2013). Assim, no primeiro capítulo, trato do formato crônica recombinante para ler a proposta organizacional e funcional do texto no jornal, que acopla textos poéticos em sua composição, nomeados aqui como poesia de brinde. Devido a isso, compreendo que há certo movimento colecionista presente na migração e na disponibilização revista e repaginada da obra hilstiana no Correio Popular. Aspectos visíveis também em seis crônicas inéditas em livro, localizadas em minha pesquisa, e presentes no CEDAE e no Centro de Memória da Unicamp (CMU). Já no segundo capítulo, a partir das leituras teóricas sobre almanaque desenvolvidas por Vera Casa Nova (2010) e Margareth Park (1999), busco aproximar comparativamente a forma de composição das crônicas hilstianas aos procedimentos próprios dos almanaques de farmácia, evidenciando semelhanças e diferenças. Em um breve diálogo com a estética da recepção, a tese se encerra com o exame de uma estética da decepção muito presente nos textos cronísticos e nas entrevistas de Hilda Hilst, procurando articular o verbo “inventariar” a uma performance discursiva megalômana como saída para o ressentimento diante da recepção decepcionante proveniente dos leitores medianos do jornal. Para isso, são analisadas cartas de leitores das crônicas guardadas no CEDAE. Em suma, busca-se investigar o gesto arquivístico e inventariante de Hilda Hilst por meio de crônicas, entrevistas e documentos mínimos encontrados em seu arquivo público. |