Por uma antropologia da arte : algumas contribuições e limitações do pensamento de Alfred Gell (1945-1997)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Giovanna Benassi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Antropologia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/35437
Resumo: A “arte” enquanto tema de estudo foi, por muito tempo, negligenciada na antropologia. Quando era considerada – no contexto de fundação da disciplina e nas teorias da primeira metade do século XX –, costumava estar associada e servir a uma grade conceitual constituída previamente (majoritariamente subsumida a certo ideal estético), não sendo observada em campo. O antropólogo Alfred Gell (1945-1997), então, propõe uma “nova” e “adequada” antropologia da arte baseada no “filistinismo metodológico”: os estudiosos que se propusessem a ir pelo novo caminho deveriam observar, com indiferença e cautela à fascinação estética, as características específicas do objeto de arte como objeto em si. Considerando, em seus diferentes contextos (inclusive na arte “Ocidental”), as complexas redes de relações que tais objetos implicam e nas quais estão implicados: isto é, como funcionam enquanto índices dos quais é possível abduzir agenciamentos diversos. Tendo em vista os contornos de sua proposta (de intentar diferenciar-se das demais), a recém tradução de seu principal livro, “Arte e Agência” (2018 [1998]), para o português, a escassez de trabalhos brasileiros que objetivam comparar sua abordagem às antecessoras e de compêndios de antropologia da arte no Brasil, procurei entender e reunir algumas contribuições e limitações da “teoria do nexo da arte” de Gell, principalmente face às abordagens que o antecederam, bem como, sugerir algumas possibilidades que o emprego dessa teoria traz consigo. Ressaltando que cada um possui “seu Gell” e que não pretendi e nem poderia dar conta de toda a ressonância de sua proposta, entendi como a originalidade de suas ideias tanto afirmar as coisas como possuidoras de personitude, quanto reunir essas informações sob um eixo metodológico-operacional aberto. Também é possível elencar outras contribuições daí derivadas: a proposição de uma antropologia da arte que procura não se vincular aos tradicionais campos disciplinares da arte Ocidental (como a Estética e a História da Arte) ou às perspectivas linguístico-interpretativas, a tentativa de superação da dicotomia epistêmica arte/artefato e a aplicabilidade de sua perspectiva a diferentes contextos (“ocidentalizados” e “não-ocidentalizados”). Por outro lado, uma de suas limitações mais perceptíveis advém de sua “maior” contribuição: a pressuposição necessária da agência humana nos agenciamentos sociais das coisas (como os objetos de arte). Por fim, após analisar algumas possibilidades de aplicabilidade de sua abordagem, concluo que a dificuldade não está em afirmar a capacidade de agência de entidades não-humanas (pressupondo ou não pessoas humanas), o que já vem sendo discutido, sob esses termos, há pelo menos três décadas (e, indiretamente, desde o nascimento disciplinar da antropologia), mas no que dizer ou fazer depois disso. De qualquer maneira, entendo que se este trabalho for usado como aporte para pessoas interessadas em percorrer esses caminhos, terá cumprido sua finalidade.