Avaliação da elastografia transitória hepática e esplênica em pacientes com a forma hepatoesplênica da esquistossomose mansoni

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Catherine Ferreira da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/36905
Resumo: Introdução: A esquistossomose hepatoesplênica (EHE) é uma doença infecciosa tropical caracterizada por fibrose hepática periportal associada à hipertensão portal pré-sinusoidal. A ultrassonografia (US) é o método mais utilizado para avaliar a fibrose hepática na EHE, no entanto pode ser limitada para diferenciar a fibrose devido a EHE daquela secundária à cirrose hepática. A elastografia transitória (ET) foi estudada na EHE, mas ainda não foi validada e o seu papel na diferenciação entre a cirrose hepática e a EHE ainda não está claro na literatura. Objetivos: Investigar a rigidez do fígado e do baço pela ET em pacientes com EHE em comparação a indivíduos com cirrose hepática devido a esteatohepatite não- alcoólica (EHNA). Métodos: Estudo transversal realizado no ambulatório de hepatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, com inclusão de pacientes com EHE não esplenectomizados na sua forma pura (grupo caso) e de pacientes com cirrose hepática comprovada por biópsia devido a EHNA classificada como Child-Pugh A sem descompensação prévia (grupo controle). Todos os pacientes foram submetidos à avaliação por ET para a medição da rigidez do fígado e baço e para o parâmetro de atenuação controlada (CAP) hepático. Pacientes com EHE foram submetidos a US abdominal pelo protocolo de Niamey. Resultados: Ao comparar o grupo EHE (n = 29) com o grupo cirrose (n = 23), os participantes do grupo caso eram mais jovens que o grupo controle (52 vs 63 anos, p <0,001), apresentando maior frequência do sexo masculino (63% vs 22%, p = 0,004) e menor índice de massa corporal (26,5 vs 31,8 kg/m2 , p <0,001). Os indivíduos com EHE apresentaram menor frequência de diabetes mellitus (21% vs 83%, p <0,001) e síndrome metabólica (14% vs 94%, p <0,001) do que o grupo cirrose. Em relação a rigidez hepática, os indivíduos com EHE apresentaram menor mediana com 9.6 Kpa (7.5-11.3), mínimo de 4.5 Kpa e máximo de 18.0 Kpa, em comparação ao grupo cirrose que apresentou mediana de 21.3 Kpa (14.0-23.9), mínima de 11.1 Kpa e máxima de 50.5 Kpa (p <0,001). Os valores de CAP também foram menores na EHE, com mediana 229 dB/m (192-267), mínimo de 100 dB/m e máximo de 313 dB/m, em relação a mediana do grupo controle, 274 dB/m (224-301), mínimo 201 dB/m e máximo de 400 dB/m (p = 0,010). A rigidez do baço foi maior no grupo EHE com mediana de 73,5 Kpa (45.3-75.0), mínimo de 20.0 Kpa e máxima de 75.0 Kpa, em relação ao grupo cirrose com mediana de 42,2 Kpa (31.7-56.9), mínimo 18.5 Kpa e máximo de 75 Kpa (p = 0,002). O valor de AUROC para detectar cirrose pela rigidez hepática foi de 0,947. Analisando apenas indivíduos com EHE, a presença dos seguintes parâmetros clínicos esteve associada a maior rigidez do baço, quando comparada à ausência: diabetes mellitus (75,0 (74.2-75.0) vs 66,4 (42.9-75.0) Kpa, p = 0,036), síndrome metabólica (75,0 (75.0-75.0) vs 69,1 (43.6-75.0) Kpa, p = 0,043), varizes esofágicas (75,0 (60.0-75.0) vs 34,9 (22.4- 42.1) Kpa, p = 0,001), trombose da veia porta (75,0 (73.9-75.0) vs 66,4 (41.4-75.0) Kpa, p = 0,047) e histórico de hemorragia digestiva alta (75,0 (65.7-75.0) vs 46,4 (32.0-73.5) Kpa, p = 0,011). Selecionando apenas pacientes com EHE sem trombose da veia porta, os indivíduos com histórico de hemorragia digestiva alta apresentaram maior rigidez do baço (75,0 vs 44,6 Kpa, p = 0,018) quando comparados à ausência de sangramento anterior. As categorias Niamey para avaliação de fibrose hepática na EHE pela US não foram associadas à rigidez hepática (p = 0,676) ou rigidez do baço (p = 0,504). Conclusão: A rigidez do fígado e do baço foram diferentes entre os pacientes com EHE e cirrose por EHNA, sugerindo que a ET pode desempenhar um papel na diferenciação dessas duas condições, principalmente pela avaliação da rigidez do fígado. A rigidez do baço pode vir a ser investigada como preditor de formas mais avançadas da EHE em estudos futuros.