Microscopia de desfocalização na Doença Falciforme: relação entre propriedades celulares dos Eritrócitos e Retinopatia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Camilo Brandão de Resende
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Infectologia e Medicina Tropical
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/38353
https://orcid.org/0000-0001-6713-372X
Resumo: A doença falciforme (DF) é o distúrbio monogênico de maior ocorrência no mundo, com maior prevalência na população afrodescendente, e atinge até 1 a cada 650 nascidos vivos em algumas regiões do Brasil. A DF pode acometer múltiplos sistemas orgânicos, tendo a retinopatia como principal manifestação capaz de afetar a visão. Os mecanismos associados à retinopatia nesses indivíduos, entretanto, permanecem em grande parte obscuros. O objetivo desse trabalho foi determinar propriedades morfológicas e mecânicas de eritrócitos na DF, utilizando-se a técnica de microscopia de desfocalização (MD), avaliando suas associações com a ocorrência e gravidade da retinopatia falciforme em indivíduos com hemoglobinopatia SC (HbSC). Utilizando-se a técnica de MD, foram analisadas imagens de 255 eritrócitos de 17 indivíduos, divididos em grupo controle (120 eritrócitos de 8 indivíduos), grupo retinopatia falciforme não avançada (60 eritrócitos de 4 indivíduos) e grupo retinopatia falciforme avançada (75 eritrócitos de 5 indivíduos). Esses parâmetros foram analisados juntamente com dados clínicos e laboratoriais a fim de se estudar associações com a DF e com a gravidade da retinopatia dentre os indivíduos com DF (HbSC). Eritrócitos na DF, quando comparados àqueles de indivíduos sem DF, apresentaram concavidade central mais larga e profunda e menor índice de esfericidade. Mais especificamente, retinopatia mais grave se associou a índice de esfericidade médio < 0,7, espessura central média do eritrócito < 0,4 µm e distância radial média entre o centro e a espessura máxima celular > 2,9 µm (100% Goldberg 3 versus 25% Goldberg 1, P = 0,0476). Na análise da curva ROC, menor índice de esfericidade médio (área sob a curva: 0,85; IC95%: 0,53 a 1,00), menor espessura central média (área sob a curva: 0,90; IC95%: 0,67 a 1,00) e maior distância radial entre o centro e a espessura máxima celular (área sob a curva: 0,85; IC95%: 0,53 a 1,00) também apresentaram associação com a gravidade da retinopatia. A conclusão desse estudo é que a MD pode ser útil para fornecer características que diferenciam eritrócitos normais daqueles de indivíduos com doença falciforme, também revelando parâmetros celulares objetivos que se associam à gravidade da retinopatia falciforme em indivíduos com HbSC.