Experiência e pensamento : uma leitura de Foucault

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Marcela Alves de Araújo França Castanheira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/38943
Resumo: Este trabalho tem por objetivo reconstituir fragmentos do projeto intelectual de Michel Foucault denominado História do Pensamento. Intentamos restabelecer o lugar em que três livros pouco explorados nas leituras mais habituais de sua trajetória ocupam nesse projeto, bem como restituir a dimensão da experiência presente em cada um deles. Trata-se de Eu, Pierre Rivière que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão; Herculine Barbin, Diário de um Hermafrodita e A desordem das famílias, Lettres de cachet dos Arquivos da Bastilha no século XVIII. Com o propósito de apresentar os desenvolvimentos teóricos e metodológicos operados na formulação desse projeto, perfazemos em nosso primeiro capítulo o caminho pelo qual Foucault inscreve seu próprio trabalho na linhagem do pensamento crítico francês, solo em que se desloca para conceituar a experiência como uma forma de pensamento articulada por configurações históricas específicas entre formas de conhecimento, tipos de normatividade e modos de subjetividade. Considerando as orientações dadas no primeiro capítulo, cada um dos outros três recompõe os elementos históricos de domínios específicos da experiência. No segundo capítulo, intitulado Experiência do crime, vinculamos o trabalho, realizado principalmente nos cursos Teorias e Instituições Penais e A Sociedade Punitiva, de elaboração das normas epistêmicas, políticas e jurídicas que delineiam o campo da experiência moderna do crime a Pierre Rivière, símbolo de uma subjetividade desobediente que expõe as fragilidades do sistema penal. Na sequência, o terceiro capítulo denominado Experiência da sexualidade remonta, a partir dos cursos O poder psiquiátrico e Os anormais, a história da psiquiatria e das tecnologias disciplinares a fim de mostrar os limites por elas estabelecidos à moderna experiência da sexualidade. Situamos nessa discussão a figura de Herculine Barbin, exemplo de uma subjetividade desviante que se afirma singularmente em oposição às determinações que lhe foram feitas pelo poder. No último capítulo, chamado Experiência da dissipação e da devassidão, reconstituímos, a partir dos documentos publicados em A desordem das famílias e de alguns textos de 1978, as transformações ocorridas na experiência do poder durante o século XVIII. Considerando as trocas discursivas estabelecidas entre as famílias e a polícia, indicamos como Foucault encontra uma ambiguidade entre a dimensão acontecimental do pensamento e sua materialização na forma da objetividade científica. Mostramos assim que Rivière, Herculine e os muitos que compõem os documentos recolhidos no Arquivo da Bastilha situam-se no limiar de uma determinada configuração epistêmica e política.