“Surd@ assim surd@ assim cultura assim” “tod@ alun@ assim”: pessoas jovens e adultas surdas bilíngues apropriando-se de práticas de numeramento em um curso de educação financeira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rodrigo Carlos Pinheiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/60764
https://orcid.org/0000-0002-4846-5291
Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar como pessoas jovens e adultas surdas bilíngues – que se comunicam em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e utilizam o português na modalidade escrita como segunda língua – se constituem como sujeitos sociais apropriando-se de práticas de numeramento da Educação Financeira num curso ministrado em Libras. O trabalho de campo foi realizado em um curso de Educação Financeira para Surdos, que costuma ser ofertado, semestralmente e gratuitamente, pelo Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), em Belo Horizonte, Minas Gerais. As exigências para se matricular nesse curso são: ser surdo fluente em Libras e ter cursado, ou estar cursando, o Ensino Médio. A edição focalizada ocorreu no segundo semestre de 2020, na modalidade remota (pela plataforma Zoom), em função da pandemia da COVID-19. O curso foi ministrado por um professor de Matemática surdo e organizado pelo pesquisador. Matricularam-se no curso 15 pessoas surdas bilíngues. Adotando a Etnografia na Educação como lógica de pesquisa, o material empírico foi produzido na observação participante das aulas do curso, que foram registradas em videogravação e em apontamentos no diário de campo. Foi criado um grupo de WhatsApp da turma que o pesquisador também acompanhou e foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 participantes após o término do curso. No material empírico produzido, foram identificados 40 eventos de numeramento, e 6 deles foram selecionados e submetidos à Análise Social do Discurso numa perspectiva tridimensional, conforme proposto por Norman Fairclough. Nessa análise, contemplaram-se: a dimensão Textual (ou linguística) das interações em Libras que compõem os eventos; a dimensão das Práticas Sociais mais amplas que configuram a estrutura social em que esses eventos ocorrem; e a dimensão da Prática Discursiva na qual se estabelecem os jogos interlocutivos que são parametrizados por aquela estrutura e produzidos com os recursos daquela língua. Procura-se discutir essas dimensões articuladamente (que é como atuam na interlocução) nas análises dos posicionamentos que aquelas pessoas surdas bilíngues assumiam quando se apropriavam de habilidades, estratégias e discursos mobilizados na gestão de finanças pessoais e coletivas – mediadas por conceitos, procedimentos, representações e critérios matemáticos – num curso de Educação Financeira ministrado em Libras. Nos eventos analisados, identificam-se diferentes estratégias adotadas pelas/os estudantes para produzir e compartilhar significados. Essas estratégias são forjadas nas e forjam as posições discursivas assumidas na apropriação de práticas de numeramento da Educação Financeira numa dinâmica de comunicação em Libras num curso realizado virtualmente. As análises apontam que tais estratégias constituem aquelas pessoas surdas bilíngues como sujeitos de aprendizagem, sujeitos de conhecimentos, sujeitos de cultura e sujeitos do discurso.