Variações do conteúdo energético de loricariídeos ao longo do ciclo reprodutivo na Bacia do Rio Macaé, Rio de Janeiro, RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Alves, Víctor de Carvalho lattes
Orientador(a): Albrecht, Míriam Pilz lattes
Banca de defesa: Buchas, Rosana Mazzoni lattes, Benedito, Evanilde lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2430
Resumo: A densidade calórica é uma das unidades de energia mais indicadas para estudos bioenergéticos, sendo recentemente aplicada à quantificações do fluxo de energia em ecossistemas aquáticos. Neste estudo foram investigadas as variações de densidade calórica em quatro espécies de peixes da família Loricariidae (Siluriformes). Estas espécies podem ser classificadas dentro de dois grupos com diferenciados padrões reprodutivos: (i) Hypostomus punctatus e Neoplecostomus microps se reproduzem no período de maior precipitação; (ii) Rineloricaria sp.1 e Rineloricaria sp.2 apresentam atividade reprodutiva durante todo o ano. Coletas realizadas de março/2009 a novembro/2010 em sete pontos distribuídos nos trechos alto, médio e baixo do Rio Macaé (RJ), resultaram na amostragem de 279 indivíduos. Amostras de músculos tiveram seu conteúdo calórico determinado em bomba calorimétrica (IKA-C200), e os resultados foram relacionados a estádio de maturação, sexo, localidade e fase ontogenética, dentro da mesma espécie, e em relação a variáveis abióticas (temperatura da água, condutividade e fluxo) e índices biológicos (índice gonadossomático e fator de condição). A densidade calórica diferiu significativamente entre estádios reprodutivos de machos de N. microps e para ambos os sexos de R. sp.2. Não foram detectadas diferenças para ambos os sexos de R. sp.1. Padrões de variação energética ao longo do ciclo reprodutivo puderam ser constatados: fêmeas apresentaram maiores valores no estádio maturação e acentuada recuperação energética em seus músculos nos estádios semi-desovado (R. sp.1 e R. sp.2) e desovado (N. microps), enquanto os machos tiveram baixos valores de densidade calórica nos estádios semi-esgotado e esgotado (N. microps e R. sp.2). Juvenis de N. microps apresentaram valores médios significativamente menores e juvenis de H. punctatus demonstraram a mesma tendência. Diferenças significativas de densidade calórica relacionadas ao sexo foram verificadas apenas para R. sp2, embora, para todas as espécies, machos tenham exibido médias inferiores. Variações energéticas entre as localidades podem ser atribuídas a plasticidade trófica (N. microps), a amostragens desiguais de estádios reprodutivos nas localidades analisadas (R. sp.1) e variações na dieta (R. sp.2). A densidade calórica de R. sp.1 apresentou correlação positiva significativa com a temperatura e negativa com a condutividade em ambas localidades, ao passo que para R. sp.2, o oposto foi observado mas apenas em uma localidade. O fator de condição foi significativamente correlacionado com a densidade calórica apenas para N. microps em uma localidade. A comparação interespecífica revelou que as espécies de Rineloricaria diferiram entre si e que R. sp.1 diferiu de N. microps, indicando que espécies de loricarídeos podem diferir energeticamente dentro de um mesmo grupo trófico e dentro de um grupo que exibe o mesmo padrão reprodutivo. Os resultados revelam que ocorrem variações energéticas intraespecíficas em loricarídeos relacionadas ao sexo, fase ontogenética, estádio de maturação e posição trófica. As variações de densidade calórica dos loricarídeos estudados demonstram que este padrão é dinâmico mesmo para espécies que ocupam um mesmo nível trófico e também dentro da mesma espécie, de modo que essas variações devem ser consideradas em modelos bioenergéticos para ecossistemas lóticos tropicais.