O lugar da via mística de Hugo de São Vitor na tradição filosófica como exercício espiritual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Belchior, Pedro Eduardo Gomes lattes
Orientador(a): Coelho, Humberto Schubert lattes
Banca de defesa: Martins, Antonio Henrique Campolina lattes, Costa, Ricardo Luiz Silveira da lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Filosofia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00308
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13659
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi reconstruir a unidade do pensamento do filósofo e teólogo místico Hugo de São Vitor (1096-1141) e compreendê-lo à luz da tradição filosófica que ele se coloca. A proposição de uma síntese entre filosofia e mística especulativa é assumida a partir da própria motivação pedagógica do autor. Ele insere o postulante nos saberes que integram as ciências e as artes liberais em uma via preparatória de ascensão espiritual. Para estudo deste projeto, que engloba dimensões metafísicas, éticas e estéticas, buscamos no status quaestiones uma inserção mais ampla para análise dessa tradição que identificamos como perene e centralizada no platonismo cristão. O estudo trata, então, das transformações do Platonismo no começo do segundo milênio e o papel de Hugo e da Escola de São Vitor nesse ambiente. As fontes primárias que visitamos e interpretamos foram em especial o De Arca Noe Morali; De Institutione Novitiorum Liber; De Sacramentis Christianae Fidei; De Unione Corporis Et Spiritus; De Vanitate Mundi Et Rerum Transeuntium Usu Libri Quatuo; Eruditionis Didascalicae Libri Septem; e o Soliloquium De Arrha Animae. A partir delas verificamos que o autor busca estabelecer graus progressivos para o conhecimento de Deus, a partir de práticas ou exercícios (memoria, meditatio, moralia) que objetivam a “re-forma” da alma pelo conhecimento e pelas virtudes. Demos ênfase na ascensão para Deus como ponto alto de sua busca filosófica, privilegiando a investigação sobre a alma e a psicologia agostiniana marcada pela autoconsciência e pelo conhecimento de si mesmo. Verificamos a conciliação entre “coração e mente” que o elevou a universalidade de um humanismo medieval. Demonstramos como o programa vitorino reflete a “imagem arquitetônica do gótico” em direção à síntese e à unificação. Hugo de São Vitor estabelece o homem como intermediário entre dois planos, concebe especial lugar à alma, à razão e à inteligência. A contemplação da verdade requer esforço intelectual até a demonstração do homem interior e imaterial por excelência. Sua via mística baseada no pensamento, na meditação e na contemplação, desse modo, tem seu valor para a pesquisa filosófica.