Estrutura e composição do estrato arbóreo em diferentes trechos da Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Garcia, Paulo Oswaldo lattes
Orientador(a): Lobo-Faria, Patrícia Carneiro lattes
Banca de defesa: Martins, Sebastião Venâncio lattes, Rodrigues, Pablo José Francisco Pena lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/3936
Resumo: Os distúrbios antrópicos como a atividade cafeeira na Zona da Mata de Minas Gerais foram os principais fatores responsáveis pela eliminação da cobertura vegetal. Com a redução dessas pressões em Juiz de Fora houve a regeneração dos ecossistemas florestais, principalmente, das florestas secundárias. A Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, localizada no município de Juiz de Fora (21º41’20’’S e 43º20’40’’W), na Zona da Mata mineira, é um remanescente de floresta secundária com uma área estimada de 113,3 ha, cuja composição da flora arbórea ainda é desconhecida. O presente trabalho objetivou (a) caracterizar a composição florística e a estrutura da vegetação em diferentes trechos da reserva, (b) estabelecer a similaridade entre estes e (c) entre a reserva e outras áreas inventariadas em Minas Gerais. Para isso, foram estabelecidas 84 parcelas distribuídas em trechos de interior (Int-1, Int-2, Int-3) e borda (Bor-1, Bor-2, Bor-3) do fragmento, totalizando uma área amostral de 0,84 ha. Foram amostrados todos os indivíduos com circunferência a 1,30 m do solo (CAP) maior ou igual a 15 cm. No total, foram registrados 1.968 indivíduos, pertencentes a 52 famílias, 113 gêneros e 176 espécies. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) para a reserva foi de 4,298 e a equabilidade de Pielou (J’) foi igual a 0,83. Fabaceae (quanto à riqueza específica) Lauraceae, Meliaceae e Euphorbiaceae (tanto para riqueza de espécies quanto para abundância) apresentaram uma menor representatividade nos trechos de borda, sugerindo uma baixa tolerância a condições ambientais e bióticas mais severas. Por outro lado, Moraceae e Erytrhoxylaceae apresentaram uma maior representatividade nesses trechos. Cupania ludowigii, Piptadenia gonoacantha, Myrcia splendens, Apuleia leiocarpa e Guapira venosa se destacaram, juntamente com a categoria de mortas pelo valor de importância. Das espécies arbóreas presentes na reserva, 24 não tinham registro de ocorrência para o subdomínio do Vale do Paraíba do Sul e, destas, 9 não foram citadas para o estado de Minas Gerais. Aproximadamente 41% das plantas amostradas apresentaram altura entre 6,1 m e 10 m, com ampla variação de altura, com as emergentes apresentando até 36 m. Quanto às classes de circunferência, houve uma concentração de indivíduos nas menores classes, assegurando a regeneração do dossel pela reposição das plantas mortas. Não houve diferenças entre os índices de diversidade de Shannon-Wiener entre os trechos, porém as áreas de interior apresentaram uma riqueza de espécies observada maior. Os trechos Int-1 e Int-2 apresentaram a maior similaridade florística (58,6%), proporcionando a formação de um grupo através da análise de agrupamento, no entanto, a heterogeneidade entre a composição dos trechos dificultou a formação de outros grupos. Essa dissimilaridade vii ocasionou a separação clara de três trechos na reserva por meio da análise de correspondência distendida (DCA), divididos principalmente em decorrência dos trechos de borda Bor-1 e Bor-2. As análises estatísticas revelaram existir diferença significativa entre parte dos trechos de interior e as áreas de borda nos parâmetros de densidade absoluta, número de espécies por parcela e distribuição de freqüência de indivíduos por classes de circunferência e altura. Na reserva, há um predomínio de espécies secundárias iniciais e tardias em detrimento de espécies pioneiras. Porém, a maior abundância do grupo das secundárias iniciais influenciou o valor obtido para o índice sucessional (IS=2,11), indicando que a comunidade florestal encontra-se em estádio sucessional intermediário. Contudo, nos trechos de borda (Bor-1, Bor-2) o índice sucessional foi inferior a 2, o que sugere um estádio menos avançado da sucessão, face à maior abundância de espécies pioneiras e poucas espécies tardias. Desse modo, a caracterização da composição e da estrutura arbórea revelou uma grande diversidade florística, e ressalta a necessidade da implantação de atividades de manejo que assegurem a integridade da unidade de conservação, em função das condições diferenciadas entre os trechos e seu entorno.