Doença falciforme: um olhar sobre a assistência prestada na rede pública estadual – Hemocentro Regional de Juiz de Fora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Ferreira, Mônica Calil Borges lattes
Orientador(a): Campos, Estela Márcia Saraiva lattes
Banca de defesa: Pimentel, Marcos Alfredo lattes, Martins, Marina Lobato lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1748
Resumo: As hemoglobinopatias constituem o distúrbio genético de maior frequência nos seres humanos, sendo a doença falciforme (DF), com destaque para a anemia falciforme, a de maior impacto clínico, social e epidemiológico. Devido às características raciais do Brasil essas desordens genéticas passaram a representar um grave problema de saúde pública. Minas Gerais por meio da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemominas) é pioneira na implantação de uma política de atenção aos portadores de DF, sendo que, desde 1998 a doença foi incluída na triagem neonatal (TN), enquanto que no Programa Nacional tal vinculação só ocorreu a partir de 2001. No Brasil, dos seus 27 estados apenas 18 realizam a TN para a DF. A implantação de uma triagem precoce para hemoglobinopatias não garante por si só o sucesso do Programa, pois é necessário acompanhar constantemente a rede de atenção a DF, visando avaliar e promover melhorias desde a atenção básica à saúde, com o “teste do pezinho”, até o tratamento em serviços de maior complexidade. Trata-se de um estudo quantitativo que se propôs a avaliar o espaço cronológico entre as etapas da TN, assim como a frequência e caracterização socioeconômica dos casos de portadores de DF matriculados no Hemocentro Regional de Juiz de Fora (HRJF) - Hemominas, durante o período de 1998 a 2007. No período proposto, foram triados em Minas Gerais 2.549.097 recém-nascidos, sendo que, 210.696 nascidos nas 34 cidades que referenciam o HRJF como centro de tratamento da DF. As cidades que melhor representam a incidência estadual de DF são Juiz de Fora e Ubá. Das crianças estudadas com DF não houve diferença significativa entre os gêneros. Em relação ao perfil hematológico dos acompanhados pelo HRJF (n=109) a HbSS esteve presente em 42,2% pacientes, a HbFC em 27,5%, a HbFS em 23,8% e a HbS/B-talassemia em 6,4%, sendo o percentual de meninos HbSS de 48,2% para 35,8% meninas HbSS. A maioria das famílias relatou viver com renda familiar menor que um salário mínimo por mês (37%). Em relação a fonte de renda foi identificado que o pai trabalha com carteira assinada em 44,9% e as mães em apenas 18,3%. Em 7,33% das famílias o pai está desempregado e as mães em 32,1%, fato que reforça a vulnerabilidade social das crianças portadoras de DF. Outro aspecto importante é a presença da DF em mais de um filho na mesma família, constatando a presença de 56% dos irmãos com a doença, sendo que deste, em 41% o diagnóstico é de anemia falciforme. Quanto ao traço falciforme, 36,7% possuem ao menos mais um filho com traço falciforme e 6,4% desconhece a presença do traço entre os irmãos da criança entrevistada, o que demonstra a necessidade de orientação aos pais quanto ao planejamento familiar. O espaço cronológico entre a coleta de sangue e o cadastro no HRJF foi de 17 dias, período este considerado ideal. Como produto geral da pesquisa, obteve-se um maior conhecimento dos programas integrais de atenção à DF implementados pelo HRJF propiciando uma compreensão mais ampla da situação da DF no nosso Estado na tentativa de favorecer num futuro bem próximo o planejamento de políticas públicas e outras ações que possam contribuir para reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida do doente falciforme. Além disso, como o Programa Nacional de TN está em alguns estados brasileiros em fase inicial de implantação, em muito contribuiria para esta iniciativa uma ampla divulgação dos estudos, para que medidas de prevenção e controle sejam melhor implementadas.