Bioacústica do golfinho-comum-de-bico-curto delphinus delphis no Atlântico Sul Ocidental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Simonato, Bruna Pagliani lattes
Orientador(a): Andriolo, Artur lattes
Banca de defesa: Buchan, Susannah lattes, Rossi-Santos, Marcos Roberto lattes, Castro, Franciele Ribeiro de, Lopes , Paulo César de Azevedo Simões lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11964
Resumo: O golfinho-comum-de-bico-curto Delphinus delphis tem uma coloração lateral característica variando em tons de amarelo e cinza. São encontrados em águas tropicais e temperadas, em regiões costeiras e oceânicas. Os indivíduos são muito ativos e altamente comunicativos. O repertório dos golfinhos é muito diversificado, abrangendo assobios e sons pulsados (clicks e sons explosivos). Estudos sobre as emissões acústicas de D. Delphis tem sido registrados no mundo todo, exceto na região de talude do oceano Atlantico Sul Ocidental (ASO). Este é o primeiro estudo que aborda uma caracterização das emissões acústicas de D. Delphis no ASO, além de analisar a complexidade do repertório de assobios e sons pulsados. Variações intraespecíficas dos assobios foram analisadas considerando tamanho de grupo, contornos e parâmetros de tempo e frequencia. Os contornos mais frequentes foram ascendente, descendente e constante, com relação significativa entre contorno descendente e tamanho de grupo (p < 0.05). As frequências dos assobios variaram de 1.34-35.23 kHz e duração variou entre 0.11 e 2.16 segundos. Através do método Bonferroni verificou-se diferenças significativas na frequência mínima, duração e variação de frequência comparando-se encontros entre os anos. A análise das árvores de decisões C5.0 demonstrou corretas classificações nos assobios de 2014 e 2015 (67.0% e 54.0%, respectivamente). Ao aplicar o nMDS verificou-se um agrupamento de assobios dos oceanos Atlântico e Pacífico com base nos valores do número de inflexões e duração dos assobios, corroborados posteriormente por PERMANOVA (p < 0.05). A análise dos sons pulsados levou em conta os clicks de ecolocalização, sons explosivos e explosivos curtos. Apesar dos clicks de ecolocalização serem relativamente bem documentados, não existe um consenso acerca da ampla variedade de sons explosivos. A análise de K-means resultou em quatro clusters, cuja classificação com base nos parâmetros de tempo teve a maior acurácia (total 87%) explicada a partir dos dois primeiros eixos dimensionais (Dim1 = 70.2% e Dim2 = 17.2%). O conjunto de dados tempo-frequência combinados apresentou o melhor modelo para classificação (Acurácia = 84.6%; CI = 65.1%, 95.6%; p < 0.01). Intervalo entre clicks, taxa de repetição e frequência pico constituíram parâmetros consistentes para classificar sons pulsados de D. delphis. A análise de sons pulsados como um todo (clicks e sons explosivos) considera o animal como uma identidade acústica e enfatiza a importância de certos parâmetros nessa identidade, consequentemente refletindo na otimização do custo energético na produção do som. O último tópico deste estudo procurou identificar possíveis padrões de contornos dos assobios produzidos durante um evento de encalhe em massa (EEM) de D. delphis documentado na costa sudeste do Brasil. Das nove categorias, os contornos mais frequentes foram ascendente (35.2%), prevalecente ascendente (29.6%) e côncavo (9.9%). Do total, 33.8% continham steps e 14.1% continham breaks. As proporções de contornos comparadas entre EEM e ASO pela correlação de Kendal não demonstraram concordância. O distinto padrão em situação de estresse reforça o conceito de que cada categoria de contorno pode carregar informações diferentes associadas ao comportamento. Golfinhos são primariamente dependentes do som para viverem. Estudos abrangendo a complexidade do repertório de golfinhos e os fatores que influenciam na sua estrutura são essenciais para a manutenção da diversidade das populações e, consequentemente, para a conservação das espécies.