Consumo de café da manhã e sua associação com determinantes sociais, nutricionais, bioquímicos e pressão arterial entre adolescentes de Juiz de Fora, MG: Estudo EVA-JF

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cândido, Ainoã Cristina de Oliveira lattes
Orientador(a): Mendes, Ana Paula Carlos Cândido lattes
Banca de defesa: Melo, Marcela Melquiades de lattes, Fari, Eliane Rodrigues de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00107
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13093
Resumo: A adolescência é o período de transição entre a infância e a fase adulta, em que se observa a adoção de práticas alimentares inadequadas, dentre elas a omissão do café da manhã, que pode gerar impactos no estado de saúde atual e futuro. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência da omissão do consumo de café da manhã e fatores associados entre adolescentes de escolas públicas de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, realizado com adolescentes entre 14 a 19 anos, de ambos os sexos, que participaram do estudo Estilo de Vida na Adolescência, em Juiz de Fora- Minas Gerais. Obtiveram-se os dados sociodemográficos (idade, sexo, cor da pele, classificação socioecononômica, condição de domicílio e escolaridade dos pais), antropométricos (peso, altura, perímetro da cintura e percentual de gordura corporal por bioimpedância elétrica bipolar), bioquímicos e clínicos (colesterol total, lipoproteínas de alta e baixa densidade -HDL-c e LDL-c-, triglicerídeos, glicemia de jejum e pressão arterial sistólica e diastólica), comportamentais (frequência regular de atividade física e tempo diário do sono) e de consumo alimentar, este último avaliado através da aplicação de dois recordatórios alimentares de 24 horas e um questionário contendo questões sobre o consumo, incluindo frequência de consumo do café da manhã. Os alimentos foram agrupados de acordo com a classificação NOVA segundo grau de processamento industrial em: alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários e preparações a base desses alimentos; alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Para a estimativa da contribuição energética e de macronutrientes foi utilizada uma Tabela de Composição de Alimentos, sendo os dados posteriormente ajustados pelo Multiple Source Method (MSM). Foram avaliados 805 adolescentes, com média de idade de 16,1 anos ± 1,2 anos, sendo a maioria do sexo feminino (57,6%; n=464); a maior parte (64,8%; n= 517) se autodeclararam pardos, pretos, indígenas ou amarelos e foram classificados no nível socioeconômico médio (58,5%; n=471). O excesso de peso, segundo o IMC, foi observado em 28,7% (n=227) dos adolescentes e 49% (n=332) apresentavam classificação de risco para o percentual de gordura corporal. Mais de um terço (35,7%; n=287) dos participantes praticavam exercícios por tempo ≤ a 300 minutos/semana e cerca de 16,5% (n=133) apresentavam tempo de sono insuficiente. A ingestão média de energia foi de 2134,9 Kcal, sendo 45,7% provenientes de alimentos ultraprocessados. Em relação ao consumo do café da manhã, observou-se que 19,9% dos adolescentes relataram omissão desta. A ausência da ingestão foi associada ao aumento médio de 3,02% (IC 95%: 0,52; 5,53) da ingestão de energia de alimentos ultraprocessados, além de aumento médio de 0,28 escore-z (IC 95%: 0,05; 0,52) do IMC-para-idade e de 1,64% (IC 95%: 9 0,21; 3,08) de gordura corporal. Através da análise de regressão hierarquizada, evidenciou-se que o consumo não frequente do café da manhã foi associado às seguintes variáveis: condição de ocupação do domicílio (OR=0,618; IC95%: 0,441- 0,865; p=0,005), consumo de bebidas industrializadas (OR: 0,658; IC95%: 0,486- 0,890; p=0,007), percentual de energia proveniente de alimentos processados (OR:0,935; IC95%: 0,907-0,964; p<0,001) , sexo (OR:0,696; IC95%: 0,520-0,932; p=0,015) e cor da pele (OR: 1,529; IC95%: 1,131-2,069; p=0,006). Reforça-se a importância de ações para estimular o consumo desta refeição e a adoção de práticas saudáveis entre os adolescentes. A compreensão dos fatores associados embasa e possibilita o planejamento de ações direcionadas.