Nome e adjetivo na aquisição do português brasileiro: o uso da marca morfofonológica de gênero do adjetivo para o estabelecimento da referência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Costa , Sônia Maria da lattes
Orientador(a): Teixeira, Luciana lattes
Banca de defesa: Albuquerque , Guiomar Silva de lattes, Leitão , Márcio Martins lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2151
Resumo: Neste estudo, de base experimental, focaliza-se a delimitação da categoria adjetivo por crianças adquirindo o Português Brasileiro (PB) como língua materna. Mais especificamente, investiga-se se traços formais de afixos flexionais de gênero de adjetivos e nomes são representados por crianças na faixa etária de 2-3 anos, de modo a permitir que elas os identifiquem na interface fônica e os interpretem na interface semântica para que, a partir da concordância, possam estabelecer a referência, à semelhança do que fazem os falantes adultos da língua. A pesquisa se fundamenta em uma teoria linguística que contemple o problema da aquisição da linguagem – particularmente a teoria de Princípios e Parâmetros, nos termos do Programa Minimalista (Chomsky, 1995; 1999 e obras posteriores) – e abordagens psicolinguísticas que considerem, como meios de desencadear a aquisição de uma língua: (i) o tratamento do sinal acústico da fala (bootstrapping fonológico: Morgan & Demuth, 1996; Christophe et al., 1997); (ii) a análise do material linguístico pela criança na aquisição de significado lexical (bootstrapping sintático: Gleitman, 1990). Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram realizados três experimentos: no primeiro, conduzido com adultos falantes nativos do PB e aprendizes do PB como L2, buscou-se verificar sua preferência ao associar o adjetivo ao nome em sentenças com duas estruturas sintáticas possíveis - referência ao Nome Sujeito (NS) ou ao Nome Objeto (NO): (1a) O pai abraçou o filho triste e (1b) A atriz beijou a cantora emocionada. No segundo, conduzido com crianças de 2-3 anos, investigou-se a sua capacidade de identificar a marca morfofonológica de gênero do adjetivo para associálo ao nome ao qual se refere em sentenças como: (2a) O papai abraçou a filhinha cansado e (2b) O filhinho olhou a mamãe nervosa. Em um terceiro experimento, conduzido com crianças da mesma faixa etária das do segundo, procurou-se verificar a preferência dessas crianças ao associar o adjetivo ao nome, em sentenças com duas estruturas sintáticas possíveis  referência ao Nome Sujeito (NS) ou ao Nome Objeto 6 (NO): (3a) A mamãe olhou a filhinha assustada e (3b) O filhinho olhou o papai cansado. No primeiro experimento, assim como no terceiro, as sentenças, por apresentarem ambiguidade na adjunção do adjetivo ao NP objeto (NP2) ou ao NP sujeito (NP1), permitiam que esse atributo pudesse ser aposto localmente, ligando-se ao NP2, ou não-localmente, referindo-se ao NP1. Os resultados indicam que, com base nos princípios de Late Closure e Minimal Attachment (FRAZIER, 1979), a aposição local é a escolha de aposição default para essa estrutura, tanto por parte dos falantes adultos quanto por parte das crianças. Os resultados do segundo experimento indicam que crianças capazes de produzir enunciados com mais de duas palavras conseguem identificar, na interface fônica, informação relativa ao gênero de adjetivos, interpretando-a na interface semântica, para atribuir a propriedade expressa pelo adjetivo a um nome, estabelecendo, assim, a referência.