A epifania da contemporaneidade do milênio: um estudo da superstição em Luís da Câmara Cascudo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barbosa, Ana Luísa Morais lattes
Orientador(a): Berkenbrock, Volney José lattes
Banca de defesa: Teixeira, Faustino Luiz Couto lattes, Portella, Rodrigo lattes, Cavignac, Julie Antoinette lattes, Costa, Sandro Roberto da
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00095
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13745
Resumo: A superstição, historicamente julgada com desconfiança pelas instituições religiosas, científicas e filosóficas, foi estabelecida como crendice, culto indevido ou ignorância. A ausência de estrutura lógica ou racional desencadearia inevitavelmente seu desaparecimento. Entretanto, as superstições permanecem na contemporaneidade de maneira autônoma e contínua. A presente tese tem por objetivo analisar este fenômeno a partir das interpretações do intelectual potiguar do início do século XX, Luís da Câmara Cascudo, ampliando as considerações comumente realizadas sobre o fenômeno. A partir dessa ampliação, sugere-se a hipótese da religião ser um desdobramento da superstição. Observou-se, a partir do trajeto histórico do termo, que o cristianismo, por exemplo, selecionou superstições legitimando-as em favor de interesses específicos. Sua maior abrangência e amplitude em relação às religiões faz com que uma esteja inserida na outra, apesar de distinguíveis. A partir da revisão bibliográfica do autor, que analisou etnograficamente a superstição, e do auxílio de outros pensadores, a pesquisa evidencia a existência de uma lógica clara e funcional, responsável pela manutenção e prospecção do fenômeno. Presentes nas estruturas de pensamento da religiosidade popular, as superstições, armazenadas na memória coletiva, trazem para o presente a ancestralidade da humanidade, mantendo fórmulas, hábitos e cosmovisões de tempos distantes. Essa dinâmica será compreendida pela expressão contemporaneidade do milênio, sugerida por Cascudo. Fundamental se faz para este estudo a interpretação do tempo como duração e da permanência e atuação do passado condicionando as ações do presente. Concluiu-se que as superstições se estabeleceram enquanto normas sociais que se desenvolveram a partir da função fabuladora, assim como as religiões. Sua autonomia, em relação às instituições, confere maior aceitabilidade mesmo que de maneira inconsciente. Presentes desde os primórdios da humanidade, as superstições ainda participam da estrutura do pensamento contemporâneo. Essa sobrevivência deve-se, sobretudo, à sua funcionalidade sem, no entanto, depender da eficácia.