Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Tatiana Franca
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Orientador(a): |
Faria, Alexandre Graça
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Banca de defesa: |
Chiarelli, Stefania
,
Tollendal, Eduardo José
,
Pereira, Terezinha Maria Scher
,
Ribeiro, Gilvan Procópio
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1956
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Resumo: |
As oito peças que compõem o Teatro Completo de Hilda Hilst foram escritas durante a década de 1960, mais precisamente entre 1967 e 1969, e configuram uma experiência estética que a autora não tornou a repetir em nenhum outro momento de seu trabalho poético. Sem dúvida, a opção pelo teatro é resposta política ao contexto da época, pois, tanto o cenário posterior à Segunda Guerra Mundial quanto a Ditadura Militar brasileira caracterizaram um quadro de coerção das subjetividades que, por promover um processo alienatório das consciências na sociedade, passou a suscitar uma atitude de engajamento nas artes. Não obstante, o teatro hilstiano pouco se aproxima ao tipo de engajamento artístico difundido no Brasil de então; ao contrário dos CPC e teatro de arena, para citar apenas dois exemplos, a dicção essencialmente lírica de Hilst jamais buscou a clareza didática ou os modelos explicitamente brechtianos, como em todo o seu trabalho literário, o teatro é, antes, uma reflexão sobre a medida da palavra, ou melhor, sobre que tipo de palavra é possível em arte num contexto de exceção – e, por isso mesmo, não se torna datado. O teatro de Hilda Hilst, ao mapear o contexto social em que estava inserido, promove uma leitura do estatuto do humano, buscando avaliar-lhe as potencialidades, no sentido nietzschiano mesmo, e questionar o projeto iluminista de homem ao mesmo tempo em que duvida de uma certa perspectiva metafísica: em Hilst, a razão é insuficiente para pensar o mundo da mesma forma que o é a fé; a imagem de Deus, reincidente em várias peças, é metáfora para pensar o vazio do querer humano e a perda de sua de sensibilidade crítica que sustentam o mesmo fascismo de que são vítimas. Não se trata, contudo, de uma visão distópica de mundo em Hilst, mas de uma “utopia possível”, entendendo o próprio ato de escrita enquanto forma de resistência ao processo de reificação e barbárie e, portanto, ato de engajamento, o que, por si só, já significa a esperança transformadora que mantém o trabalho hilstiano com teatro atual tanto como experiência de linguagem quanto abordagem do humano. |