Câncer infantojuvenil: tendência de incidência no município de São Paulo (1997-2015)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, Vanessa Santos de lattes
Orientador(a): Bustamante-Teixeira , Maria Teresa lattes
Banca de defesa: Guerra, Maximiliano Ribeiro lattes, Latorre, Maria do Rosário Dias de Oliveira lattes, Nogueira, Mário Círio lattes, Pereira, Daniela Almeida lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17059
Resumo: INTRODUÇÃO: Os cânceres infantojuvenis, apesar de raros, são a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes no Brasil e no mundo. Para 2020, foram estimados 279.419 novos casos de câncer infantojuvenil no mundo. No Brasil, para o triênio 2023-2025 há a previsão de que ocorrerão 7.930 novos casos. Avaliar a incidência dos cânceres infantojuvenis permite conhecer as neoplasias que mais ocorrem nestas faixas etárias, e através da detecção de variações geográficas e temporais, gerar hipóteses sobre possíveis fatores de risco. OBJETIVO: Descrever a incidência e analisar as tendências temporais das taxas de incidência do câncer em crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, no município de São Paulo, no período de 1997 a 2015. METODOLOGIA: Estudo de série temporal que utilizou dados obtidos do Registro de Câncer de Base Populacional de São Paulo (RCBP-SP). Foram selecionados todos os casos confirmados de cânceres em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade residentes no município de São Paulo que puderam ser classificados de acordo com a International Classification Of Childhood Cancer (ICCC-3) durante o período de 1997 a 2015. As taxas de incidência brutas e padronizadas foram calculadas por sexo e idade. As tendências temporais das taxas de incidência padronizadas por principal grupo diagnóstico e sexo foram obtidas através do modelo de regressão do Joinpoint. RESULTADOS: Os cânceres infantojuvenis no município de São Paulo apresentaram alta taxa de incidência (189, 6/milhão), mais expressivas no sexo masculino (205,3/milhão) e no grupo etário de 15 a 19 anos (233,8/milhão). As leucemias foram o tipo de câncer mais incidente (42,9/milhão), seguidos dos linfomas (26,6/milhão) e tumores do sistema nervoso central (23,0/milhão). Os cânceres sólidos representaram maior parte da amostra (63,3%), sendo os tumores do sistema nervoso central os mais incidentes dentre eles. O grupo das outras neoplasias epiteliais malignas e melanomas malignos tiveram grande representatividade no sexo feminino (24,3/milhão). A análise da tendência temporal da incidência do câncer infantojuvenil mostrou estabilidade no período de 1997 a 2015. As leucemias apresentaram tendência à queda das taxas de incidência de 1997 a 2015 (APC= -3,0). Os linfomas tiveram tendência à queda durante todo o período (APC= -1,63), assim como os tumores do sistema nervoso central (APC = -3,46). CONCLUSÃO: O fato de os linfomas serem a segunda neoplasia infantojuvenil mais freqüente pode demonstrar um comportamento similar à de países com baixo/médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apesar do alto IDH de São Paulo, possivelmente reflexo das desigualdades encontradas em seu território. As análises das tendências temporais das taxas de incidência demonstraram, a depender do tipo de câncer, diversas possíveis causas, refletindo uma maior probabilidade de causas multifatoriais. Os resultados apontados reforçam a importância da realização de uma vigilância contínua dos dados, do diagnóstico precoce e correto para os cânceres infantojuvenis, e da importância dos registros de câncer de base populacional como um instrumento de relevante papel para o planejamento assistencial, construção de políticas públicas e avaliação dos serviços de saúde.