Avaliação in vitro da resposta inflamatória e metabolismo lipídico de macrófagos em animais taurinos e zebuínos estimulados com saliva do carrapto Rhipicephalus microplus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Paiva, Raquel Morais de lattes
Orientador(a): Machado, Marco Antônio lattes
Banca de defesa: Viccini, Lyderson Facio lattes, Almeida, Patrícia Elaine de, Verardo, Lucas Lima, Lage, Andrey Pereira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Imunologia e Doenças Infecto-Parasitárias/Genética e Biotecnologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/9985
Resumo: O parasitismo pelo carrapato Rhipicephalus microplus gera grandes perdas na produção de carne e leite por bovinos, além de representar um perigo para a saúde única, tanto pela transmissão de doenças infecciosas quanto pela contaminação do alimento e meio ambiente por acaricidas, principal metodologia adotada por produtores para controle de infestações por esse ectoparasito hematófago. As características fenotípicas de resistência e susceptibilidade ao R. microplus são bem definidas entre as raças de bovinos zebuínas (Bos primigenius indicus) e taurinas (Bos primigenius taurus), respectivamente, constituindo uma herança genética multifatorial de herdabilidade variável. Diversos trabalhos já identificaram a participação da imunidade inata e resposta de macrófagos no desenvolvimento de resistência contra a infestação por carrapatos. Apesar disso, até o momento, pouco se sabe acerca dos diferentes fenótipos de macrófagos, M1 (atividade pró-inflamatória; indutor de padrão Th1) e M2 (atividade regulatória; indutor de Th2), e sua influência na resistência ao carrapato apresentado por animais taurinos e zebuínos. Nesse contexto, o presente trabalho visa caracterizar as vias metabólicas envolvidas na ativação de macrófagos de animais taurinos e zebuínos para identificação de potenciais alvos de reprogramação metabólica por imunomodulação e genes candidatos para programas de melhoramento genético bovino. Para tal, foi estabelecido um protocolo de diferenciação de macrófagos a partir de monócitos isolados de sangue periférico de animais taurinos (Holandês Preto e Branco) e zebuínos (Gir), in vitro. Essas células foram estimuladas com lipopolissacarídeo, um potente indutor de macrófagos M1, e saliva do carrapato R. microplus que, em condições de parasitismo, é inoculada no hospedeiro para modular a resposta imune e facilitar a hematofagia. O RNA de macrófagos diferenciados foi extraído e submetido ao sequenciamento em massa (RNA-Seq) para identificação de genes diferencialmente expressos (DEGs). Análises de ontologia gênica e rotas metabólicas demonstraram que macrófagos de animais zebuínos, sem estímulo, possuem uma maior ativação de genes ligados ao processamento e apresentação de antígenos, à ativação do fator de transcrição NFκB e ao controle indireto do ciclo celular através do metabolismo de lipídeos. Esse comprometimento com respostas mais próinflamatórias apresentado por macrófagos de animais zebuínos parece influenciar diretamente na ativação do fenótipo M1 via LPS com uma maior expressão de genes relacionados a síntese do óxido nítrico, de citocinas, como IL-1 e IL-36, além do fator NFκB2, que é responsável pelo controle da transcrição de moléculas com atividade próinflamatória. A saliva de R. microplus induziu diferenças significativas em vias de ativação da mitose e do potencial de membrana regulados pelo estresse oxidativo. Além disso, a saliva demonstrou capacidade de modular a expressão dos genes que codificam a enzima óxido nítrico sintase 2 (NOS2), o regulador negativo de espécies reativas de oxigênio (NRROS), e a citocina IL-10 em macrófagos estimulados com LPS, avaliados por PCR em tempo real. Esses resultados, em conjunto, permitiram indicar genes candidatos para resistência ao carrapato em programas de melhoramento genético bovino bem como processos biológicos chave, passíveis de modulação, para desenvolvimento de estratégias mais eficazes e menos poluentes de controle do carrapato.