Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Castro, Franciele Rezende de
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Orientador(a): |
Andriolo, Artur
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Banca de defesa: |
Secchi, Eduardo Resende
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Kinas, Paul Gerhard
,
Guiné, Gastón
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Rocha, Vinícius Novaes |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Ecologia
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Departamento: |
ICB – Instituto de Ciências Biológicas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/8270
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Resumo: |
Diante das novas ameaças introduzidas em todos os oceanos através do crescente desenvolvimento de atividades antropogênicas, o monitoramento de espécies marinhas, como os cachalotes, é iminente. Esta espécie geralmente gasta de 70 a 75% do seu tempo em mergulhos de forrageio, o que a torna difícil de ser observada. No entanto, os indivíduos produzem cliques de ecolocalização durante os mergulhos, tornando-se receptivos ao monitoramento acústico passivo (Passive Acoustic Monitoring – PAM). Nos últimos anos, o PAM vem sendo cada vez mais utilizado. Aqui, são apresentados os resultados do primeiro esforço acústico sistemático para o monitoramento de baleias cachalotes, conduzido na plataforma continental externa e talude sul brasileiro. Três cruzeiros foram realizados usando uma matriz de arrasto composta por três elementos. As cadeias de cliques de cachalote foram detectadas e localizadas através do software PAMGuard. A ocorrência e distribuição dos encontros acústicos da espécie em relação às feições estacionárias e antropogênicas foram espacialmente avaliadas, e sua abundância estimada através do método convencional de amostragem por distâncias (Conventional distance sampling, CDS). Adicionalmente, dados de cinco Time-Depth Recorders (TDR’s) implantados em cachalotes em águas brasileiras foram utilizados para descrever o perfil de mergulho desta espécie e cinco Digital Tags (Dtags) colocados em indivíduos ao redor dos Açores foram usados para estimar diretamente a porcentagem de tempo que os indivíduos permanecem acusticamente disponíveis. A avaliação conjunta de ambos os tipos de transmissores permitiu estimar a probabilidade de detecção à distância horizontal zero, g(0). Dos 21 encontros acústicos registrados, 57% estavam além da isóbata de 1000 metros (m), com 85,71% (n=18) ocorrendo entre os limites do talude (200 m e 2000 m). Sete registros (33,33%) ocorreram em blocos de petróleo e gás. Em contraste, todos os encontros acústicos foram registrados em Áreas Prioritárias para Conservação (Priority Areas for Conservation, PACs). O modelo linear generalizado melhor ajustado (GLM) indicou a profundidade como a única covariável com relação significativamente positiva com a distribuição dos encontros acústicos de cachalotes. Um total de 139 mergulhos completos foram usados para avaliar o perfil de mergulho desta espécie. Mergulhos rasos em forma de V (40,29%) foi o tipo mais frequente, seguido por mergulhos de profundidade intermediária (29,50%), mergulhos profundos (17,27%) e mergulhos rasos em forma de U (12,95%). Vinte e sete mergulhos obtidos a partir de TDR’s e 60 obtidos através dos Dtags foram identificados como de forrageio e, a partir deles, estimada uma disponibilidade acústica correspondente a 38,10 minutos (min). Com períodos de 30,58 min em silêncio e uma janela de tempo finita de 27,71 min para detecção, o g(0) foi estimado em 0,96. Adotando-se g(0)=1, a partir dos registros acústicos obtidos durante a primavera de 2014, a densidade estimada para a área pesquisada foi de 0.0146 baleias/ km2 e a abundância de 1654,35 indivíduos (CV: 0,379; IC: 778,35 – 3516,24). No entanto, este número foi subestimado em 4% em relação à abundância resultante quando considerado o g(0) estimado a partir de Dtags e TDR's. Embora as PAC’s cubram toda a área de ocorrência de cachalotes, elas são apenas instrumentos que podem apoiar a implementação de futuras ações de manejo na área de estudo. Apesar de uma minoria dos eventos ter sido registrada em blocos de exploração de petróleo e gás, devido à proximidade das baleias em relação a estas áreas, recomenda-se monitorar a população de cachalotes e a condução de atividades associadas à exploração de petróleo e gás nesta região e em outras bacias sedimentares. Embora ainda em desenvolvimento, o monitoramento acústico apresenta-se como um método alternativo ou complementar ao monitoramento visual, permitindo acessar informações úteis sobre a distribuição e abundância dos cachalotes, enquanto sua aplicação contribui potencialmente para a melhoria contínua desse método. |