"Para fazer pensar e entreter": educação, produção corporal, sujeitos e masculinidades homossexuais na revista Junior (2007-2015)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: França, Filipe Gabriel Ribeiro lattes
Orientador(a): Ferrari, Anderson lattes
Banca de defesa: Castro, Roney Polato de lattes, Sanches, Janaina Garcia lattes, Caetano, Marcio Rodrigo Vale lattes, Souza, Marcos Lopes de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11488
Resumo: Este estudo analisou as pedagogias veiculadas e disseminadas pela revista Junior (2007-2015) direcionadas aos sujeitos homossexuais masculinos. Para tanto, foram utilizadas como fonte da pesquisa as 66 edições da revista que foram publicadas durante o seu período de circulação no Brasil. A questão central que organizou esta tese foi: Quais os discursos acerca dos corpos, dos sujeitos e das masculinidades homossexuais veiculados pela revista Junior? A revista Junior foi um periódico que teve como público alvo os sujeitos homossexuais masculinos jovens, brancos, de classe média e de uma certa regionalidade centro-sul brasileira. Em seu conteúdo a Junior buscou oferecer ao leitor matérias e reportagens que investiam na produção corporal, sobretudo, em um modelo de corpo atlético, que faz uso de cosméticos e procedimentos médicos em nome de um padrão de beleza, que se preocupa com a saúde e com o bem-estar. A revista também investiu na veiculação de saberes acerca das (homo)sexualidades, levando ao leitor inquietações que ela acreditava ser do seu interesse como a constituição de si enquanto sujeito homossexual masculino, a relação com o amor e com a busca de parceiros afetivo-sexuais, a emergência da internet e a sua implicação para as (homo)sexualidades, a prevenção e a convivência com o HIV e a luta contra a homofobia por direitos pelos sujeitos homossexuais. Para este estudo inspirei-me na perspectiva pós-estruturalista que me fez pensar nos modos como nos tornamos sujeitos, como nos constituímos em meio aos jogos de verdade e, sobretudo, como nos relacionamos com os processos educativos. Assim, assumi que os artefatos culturais, como a revista Junior, são instâncias educativas que apontam para modos de ser e estar no mundo e, mais do que isso, propõem formas de os sujeitos se relacionarem com os outros e consigo mesmos a partir de seus corpos e de suas experiências. Nesse sentido, a Junior investiu fortemente na educação do seu público específico, disseminando modos de ser homem e de vivenciar a homossexualidade masculina. A cada edição publicada a revista levava aos leitores saberes que circulavam acerca desse modelo de homossexualidade e os divulgava por meio de suas reportagens, imagens e publicidades. Desse modo, a revista foi estabelecendo no decorrer de suas edições o padrão Junior de sujeito homossexual masculino, aquele dotado de corpo atlético, preocupado com os cuidados médicos e cosméticos, com condições financeiras para arcar com tais cuidados e com uma vida social intensa marcada pela presença em festas e boates, além de uma vida sexual ativa. Esse padrão Junior de sujeito foi veiculado e disseminado durante os quase oito anos de circulação da revista, oferecendo aos leitores todos esses saberes para atingirem tal padrão, levando-os a produzirem um corpo que também poderia ser desejado, assim como os corpos dos modelos estampados nas páginas da revista.