Incidência e fatores associados à subsíndrome delirium e ao delirium em pacientes com covid-19 em uma Unidade de Terapia Intensiva na cidade de Congonhas-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Perpétuo, Lara Helena Caldeira Brant lattes
Orientador(a): Vale, Thiago Cardoso lattes
Banca de defesa: Reboredo, Maycon de Moura lattes, Resende, Elisa de Paula França lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16048
Resumo: Introdução: As manifestações neurológicas associadas à covid-19 (do inglês, Coronavirus disease 19) causadas pelo coronaviridae SARS-CoV-2 de forma direta ou indireta estão geralmente associadas à Síndrome Respiratória Aguda Grave e determinam maior gravidade e morbimortalidade. Distúrbios da consciência estão entre as manifestações mais comuns nos indivíduos com formas graves de covid-19. O delirium (DL) e a subsíndrome delirium (SSD) são distúrbios da consciência que determinam maior tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maior tempo de internação hospitalar e maior mortalidade. Entretanto, existem ainda poucos estudos de DL em indivíduos com covid-19 internados na UTI e até o momento não há estudos da SSD nessa população. Nesse contexto, o presente estudo foi desenvolvido com o intuito de avaliar a incidência da SSD e/ou do DL nos pacientes internados na UTI com covid-19, bem como quais são os fatores sociodemográficos, clínicos e laboratoriais associados à SSD e ao DL. Método: Trata-se de um estudo observacional, longitudinal, realizado na UTI referência para a covid-19 na cidade de Congonhas-MG. Entre 20 de outubro de 2020 e 20 de outubro de 2021, todos os indivíduos admitidos foram rastreados para SSD e DL, duas vezes ao dia, durante todo o período de internação na UTI. O rastreio foi realizado utilizando a escala Intensive Care Delirium Screening Checklist (ICDSC). Os indivíduos que apresentaram SSD e/ou DL foram comparados com os indivíduos internados na UTI com covid-19 e que não pontuaram na escala ICDSC. Os seguintes fatores foram avaliados nessa comparação: idade, comorbidades, uso de Ventilação Mecânica (VM), gravidade da doença no momento da admissão na UTI pela escala APACHE II, exames laboratoriais e os desfechos clínicos de tempo de VM, tempo de permanência na UTI, tempo de internação hospitalar e mortalidade. Resultados: Noventa e dois pacientes foram avaliados, dos quais 43 (46,7%) apresentaram SSD e/ou DL. A taxa de incidência foi de 4,17 casos/100 pessoas-dia. Desse modo, não houve diferença significativa entre os grupos nos quesitos idade e comorbidades. O uso de VM esteve associado com a SSD e/ou o DL (72,1% versus 26,0%, p<0,001). Já os indivíduos que apresentaram SSD e/ou DL expuseram maior gravidade pelo escore APACHE II realizado nas primeiras 24 horas de admissão na UTI em relação aos controles (mediana 16 versus 8 pontos, p< 0,001). A SSD e/ou o DL foram associados a maior tempo de internação na UTI e permanência hospitalar (mediana 19 versus 6 dias, p<0,001 e mediana 22 versus 7 dias, p<0,001, respectivamente). Não houve diferença estatística em relação ao tempo de VM (p=0,847) e mortalidade (p=0,555). Conclusão: Indivíduos com SSD e/ou DL tiveram maior gravidade da doença e maior tempo de permanência na UTI e hospitalar quando comparado a indivíduos sem SSD e/ou DL. Este estudo, que foi o primeiro a incluir indivíduos com SSD, reforça a importância do rastreio do distúrbio de consciência para melhor estimar a gravidade e o tempo de permanência na UTI e hospitalar, permitindo que medidas de tratamento precoce sejam instituídas para que se reduzam custos hospitalares e aumente a rotatividade dos leitos de UTI e hospitalar.