Masculinidades: um jogo de aproximações e afastamentos, o caso do jornal estudantil O Bonde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barduni Filho, Jairo lattes
Orientador(a): Ferrari, Anderson lattes
Banca de defesa: Miranda, Sonia Regina lattes, Lopes, Eduardo Simonini lattes, Jácome, Alexandre José Pinto Cadilhe de Assis lattes, Cardoso, Frederico de Assis lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5991
Resumo: A pesquisa consiste em investigar como se configuravam as masculinidades de discentes nas páginas do jornal estudantil O Bonde, que era escrito e reproduzido na Escola Superior de Agricultura (ESA) e Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), entre 1945 a 1963. É uma pesquisa de caráter cambiante, no sentido de que, como fui me deixando levar pelos caminhos investigativos que a pesquisa proporcionou sem uma direção estanque, a estratégia metodológica foram algumas e não apenas uma. Ocorreram uma investigação bibliográfica de fontes primárias e secundárias, uma pesquisa documental com análise de conteúdo e, no caminho, foram realizadas duas entrevistas. O objetivo desta investigação foi o de capturar e problematizar os discursos bondistas a respeito das masculinidades construídas na época. Tais capturas foram feitas com recortes de 1945 até 1962, tendo o jornal encerrado suas atividades em 1963. A masculinidade percebida no jornal corrobora com o discurso da masculinidade hegemônica, no nível local (escola), mas que também reflete a sociedade brasileira da época. Na relação entre os estudantes foi possível capturar outras subjetividades masculinas como: agrícolas, boêmios, esportistas e delicados. Estas compunham o cenário de diferenciação que algumas dessas masculinidades buscavam se afirmar enquanto identidade estudantil. As problematizações da pesquisa se deram principalmente a partir dos estudos foucautianos, além de diálogos com outros(as) teóricos(as) dos campos de gênero, história, cotidiano, sociologia, memórias, narrativas entre outros. O jornal O Bonde foi uma invenção masculina dos estudantes da ESAV na década de XX, tendo a instituição se concretizado como sendo um local de estudo masculino no interior do Estado de Minas Gerais/Brasil, com seus preceitos e ensinamentos de racionalidade e moralidade, aspectos fundantes de um “espírito esaviano”, dizeres que a escola herdou do modelo americano (Lant grant colleges) sob o qual foi fundada. O jornal foi inventado em meio a um cotidiano árduo de estudo e pesquisas, uma “válvula de escape” dos garotos que publicizavam suas brincadeiras, vigilâncias e “os foras alheios” nesse dispositivo pedagógico midiático. Trata-se de um narrar cotidiano impregnado de resistências, transgressões, táticas, estratégias, ironias e performances múltiplas. Portanto, o jornal era movimentado por conflitos, aceitações e reconfigurações de sua prática discursiva. O jornal trouxe o cotidiano esaviano imbricado pelas intimidades, práticas esportivas, namoros e reivindicações. Toda a gama discursiva era publicada em seções permanentes como Esportes, Sociais e seções avulsas: Garoto Viçoso e Caneladas além de seções de fofocas: Venenos e Veneninhos; Fatos e Boatos; Crônicas da Semana; Ronda Esaviana; Coisas que incomodam na ESAV entre outras. O jornal O Bonde é um material rico em discursos e imagens de como os garotos daquela instituição colocavam em prática a construção discursiva de uma masculinidade patriótica, heróica, envolvida em um coletivo de amizade habitando um ambiente de comunidade.