Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Falcão, Luiz Felipe Novais
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Orientador(a): |
Leal, Paulo Roberto Figueira
,
Coutinho, Iluska Maria da Silva |
Banca de defesa: |
Thomé, Claudia de Albuquerque
,
Oliveira, Luiz Ademir de,
Arantes, Lívia Maia Caldeira
,
Pereira, Ariane Carla |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Comunicação
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Departamento: |
Faculdade de Comunicação Social
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17792
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Resumo: |
As disputas simbólicas por poder são, em grande medida, travadas na interface dos campos da comunicação e da política. Elas estão presentes no exercício do jornalismo, dada a capacidade deste campo em construir narrativas e imaginários que atravessam e estruturam os debates sociais. Na história recente do país, verificou-se crescente onda de deslegitimação do jornalismo e uma sucessão de ataques à mídia capitaneados por Jair Bolsonaro (Falcão, 2023) enquanto ainda candidato, em 2018, e depois de eleito (Falcão; Assis, 2021). Nesse contexto, o objetivo da tese é o de analisar a cobertura do primeiro trimestre do governo Bolsonaro no Jornal Nacional, no Jornal da Record e Repórter Brasil Noite. Busca-se identificar e avaliar as linhas editoriais de cada telejornal e, a partir da cobertura do governo, verificar o que o telejornalismo construiu de narrativas sobre si mesmo, em uma autopercepção do seu papel de informar. No total foram 465 materiais audiovisuais analisados. Juntos somam 21 horas e 23 minutos entre reportagens, entradas ao vivo e notas levadas ao ar e que, também, foram disponibilizadas nos repositórios digitais das emissoras. São produtos telejornalísticos em que as ações de Jair Bolsonaro, de seu governo, ministros ou pessoas diretamente ligadas a ele foram investigados. A perspectiva era a de que, o então presidente, no exercício de enfrentamento e investidas contra o jornalismo provocasse algum tipo de reação no modo de fazer e pensar de telejornais. Adotouse a pesquisa documental (Moreira, 2005) e a Análise da Materialidade Audiovisual (Coutinho, 2017) enquanto métodos de investigação, tendo em vista que a experiência audiovisual é integral e, portanto, precisa ser observada, descrita e analisada em sua inteireza. Os resultados apontaram para um alinhamento editorial contrário aos interesses do governo no Jornal Nacional quando os assuntos estão ligados a declarações polêmicas, investigações de pessoas próximas à Bolsonaro, participações do ex-presidente em eventos no exterior. Já o Jornal da Record trabalhou na perspectiva de enfatizar os pontos favoráveis a Jair Bolsonaro e seu governo minimizando crises e deslizes no percurso. O Repórter Brasil Noite adotou uma perspectiva mais equilibrada em relação à cobertura, mas evitou temas espinhosos. Em relação aos interesses econômicos, ainda que sob perspectivas distintas, Rede Globo e Record priorizaram as pautas e realizaram agendamento positivo, principalmente das pautas sobre a reforma da Previdência. Os posicionamentos editorais revelaram maneiras próprias de construção narrativa e, no caso do Jornal da Record e do Repórter Brasil, com o trabalho concentrado no factual. As reportagens do Jornal Nacional se desdobraram também em arquivos, apurações mais complexas e elaboradas principalmente quando elas jogavam luz às fragilidades de Bolsonaro. Sobre a autopercepção de seu papel ao informar, em comum, percebeu-se que os telejornais, diante da escalada de violência, adotaram um cuidado mais rigoroso com valores e princípios do telejornalismo para se posicionarem, majoritariamente, enquanto instrumentos de controle e exercício de poder. Assumiram para si a atividade de agendamento social e referência alinhadas aos interesses editoriais. Isso, sem perder de vista os valores e princípios do telejornalismo. |