Estudo da desativação do agente VX usando o MgO por cálculos ab initio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Alvim, Raphael da Silva  lattes
Orientador(a): Leitão, Alexandre Amaral  lattes
Banca de defesa: Rocha, Alexandre Braga da lattes, Abreu, Heitor Avelino de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Química
Departamento: ICE – Instituto de Ciências Exatas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
VX
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4422
Resumo: Os organofosforados encontram aplicações na indústria, nas áreas de corantes, vernizes, couro artificial, isolantes elétricos, impermeabilizantes, plásticos, aditivos de petróleo e dissolventes; também são usados na medicina no tratamento de doenças, como o glaucoma; no uso doméstico e na agricultura encontram aplicabilidade como inseticidas e pesticidas. Além dessas várias utilidades civis, os organofosforados são utilizados, também, como armas químicas de destruição em massa, e possuem estrutura similar àquelas dos compostos utilizados como inseticidas e pesticidas. No caso do VX, um organofosforado utilizado como arma química, a quebra da ligação P­S é essencial na sua degradação química. Embora muitas reações químicas possam ser empregadas para decompor agentes químicos de guerra, somente algumas podem ser utilizadas na prática em uma neutralização, porque estas reações precisam ser simples e os reagentes empregados devem ser estáveis, baratos e de baixa massa molecular. No entanto, muitas das reações que podem ser úteis para a neutralização do agente neurotóxico VX ainda seguem em discussão em recentes pesquisas, mas na maioria delas se limita alguns sucessos a hidrólise catalisada. Nesta dissertação foram estudados processos de hidrólise catalisada do agente VX por MgO(001) por meio de cálculos ab initio. Foi utilizado o programa PWscf ­ Plane­Waves Self Consistent Field. O PWscf utiliza a Teoria do Funcional da Densidade, a partir de um conjunto de base de autofunções dado por ondas planas e pseudopotenciais. Entre outros atributos, este código é capaz de calcular a energia do estado fundamental dos orbitais de Kohn­Sham para um elétron, além de forças atômicas em diferentes condições de tensão, otimização estrutural e estado de transição. A molécula de VX foi substituída por uma molécula menor, chamada de p­VX, em que foram substituídos alguns radicais do VX por grupos metila. Isto foi feito para diminuir o tamanho da molécula, que reduzirá o custo computacional, mas sem afetar substancialmente a química do problema, o estudo da quebra da ligação P­S. O mecanismo de hidrólise proposto esta relacionado com a quebra heterolítica da ligação P­S, com a conseqüente formação de íons intermediários R­P+ e R'­S­, estes, por sua vez, estabilizados por quimissorção na superfície de MgO(001). Em conjunto com essa reação, acontece a dissociação de moléculas de água para a formação dos íons H+ e HO­, cujos íons também são estabilizados na superfície de MgO(001). O passo final é a recombinação desses íons, para gerar os produtos de hidrólise R­POH e R'­SH, seguida pelo processo de dessorção destas moléculas da superfície do catalisador. Para a reação global de hidrólise da molécula de p­VX, a variação da energia interna foi calculada em ­5,66kcal/mol. Foram determinadas as estruturas dos íons R­P+ e R'­S­ estabilizados sobre a superfície de MgO(001), com uma energia de formação calculada em ­0,20kcal/mol, indicando que os intermediários teriam boa estabilidade sobre a superfície se comparados com a molécula de p­VX original. Na quimissorção dissociativa de moléculas de água sobre a superfície de MgO(001), verificou­se que os íons formados somente ficam estabilizados se estiverem a uma distância mínima de 4,70Å. Qualquer distância abaixo desta levará a formação da molécula de água novamente. No processo envolvendo duas moléculas de água, apenas uma delas se dissocia, enquanto a outra estabiliza os íons formados via ligação de hidrogênio. A molécula não dissociada também interage com um sítio superficial de magnésio. Este resultado foi comprovado pelos cálculos de diferença de densidade de carga eletrônica do sistema, determinação do caminho de reação, onde este obteve uma barreira energética calculada em 5,55kcal/mol para a reação direta e em 7,53kcal/mol para a reação inversa, e pela dissociação parcial utilizando um trímero de moléculas de água, com energia calculada em ­5,40kcal/mol. Os resultados permitem concluir que o mecanismo proposto para a hidrólise catalisada do agente neurotóxico VX pelo MgO é possível. Os modelos construídos podem ser modificados para testes de novos catalisadores com estrutura tipo MgO, via adição de defeitos ou dopantes à superfície da estrutura cristalina, visando a elaboração de catalisadores mais eficientes para a reação de hidrólise com o mesmo mecanismo.