A imposição da dádiva: unidade e distinção no kula melanésio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Souza Júnior, Robson Rocha de lattes
Orientador(a): Dal Poz, João lattes
Banca de defesa: Fernandes, Dmitri Cerboncini lattes, Waizbort, Leopoldo lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/438
Resumo: As relações de reciprocidade são relações que comumente são caracterizadas por consistirem de vínculos onde as partes envolvidas formam uma unidade simétrica, ou seja, onde não há qualquer tipo de imposição distintiva na relação. Foi justamente sob esse signo que Mauss desenvolveu sua teoria da dádiva, tornando-se, inclusive, a referência mais importante no tema. Seu esforço foi o de apontar o caráter pacífico e simétrico que se estabelece através desse tipo de relação. Posto isso, pode-se definir o objetivo dessa Dissertação como a tentativa de contestar essa definição vigente da reciprocidade, que a considera como um tipo de relação formador de vínculos meramente pacíficos, cujo baluarte na reflexão sociológica é o pensamento de Marcel Mauss. Almeja-se realizar essa contestação a partir da análise do Kula melanésio, exemplo célebre de instituição baseada em vínculos de reciprocidade, a partir da perspectiva interacionista, com base, sobretudo, na reflexão de Georg Simmel. Como se sabe, oKula pode ser definido genericamente como um sistema ampliado de trocas de dádivas, onde indivíduos pertencentes às diversas comunidades melanésias permutam objetos cerimoniais específicos (vaygu’a) com o intuito de formarem alianças políticas estratégicas entre si. Mas essas transações kula não envolvem apenas cooperação entre os diversos parceiros, mas também uma áspera disputa. Sendo assim, na medida em que o Kula representa uma encarnação do princípio geral das relações de reciprocidade, então a análise desse exemplo poderá nos evidenciar que não há nenhum modelo puro de cooperação, onde as partes envolvidas colaborem de forma absolutamente simétrica, de tal forma que em qualquer relação de reciprocidade sempre será possível destacar elementos de imposição entre as partes, o que significa que mesmo os laços de reciprocidade envolvem certa dose de distinção e imposição individual. Logo, esse estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa qualitativa baseada em fontes secundárias que visa reinterpretar a descrição etnográfica do Kula melanésio, ou seja, reconstruir o contexto social descrito por Malinowski, com base na teoria interacionista, oferecendo também uma nova forma de conceber as relações de reciprocidade.