Infodemia de covid-19: associação com depressão, estresse e ansiedade em idosos que utilizam as mídias digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Kitamura, Elisa Shizuê lattes
Orientador(a): Leite, Isabel Cristina Gonçalves lattes
Banca de defesa: Guerra, Maximiliano Ribeiro lattes, Silva, Silvia Lanziotti Azevedo da lattes, Banhato, Eliane Ferreira Carvalho lattes, Santana, Rosimere Ferreira lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00107
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13999
Resumo: A disseminação exacerbada de informações, conhecida como infodemia, pode gerar confusão, insegurança e pânico, além de afetar a saúde mental das pessoas. No contexto da pandemia de covid-19, essa sobrecarga de informações ficou ainda mais evidente, especialmente com a propagação via mídias digitais. Os idosos estão mais expostos à infodemia pelo fato de, muitas vezes, não conseguirem processar nem entender a profusão de notícias e possuírem pouca habilidade no uso de tecnologias digitais, o que pode impactar a saúde mental desses indivíduos. Com o objetivo de analisar a relação entre a infodemia de covid-19 e estresse, depressão e transtorno de ansiedade generalizada (TAG) em idosos, residentes na cidade de Juiz de Fora/MG, que utilizam as mídias digitais, construiu-se este estudo com delineamento transversal e coleta de dados por web-based survey que faz parte da fase 1 do projeto multicêntrico misto “Infodemia de covid-19 e suas repercussões sobre a saúde mental de idosos: estudo multicêntrico Brasil/Portugal/Chile/México/Colômbia/Peru”. Foram utilizados questionários sociodemográficos, relativos ao acesso a notícias e informações sobre covid-19, escala de estresse percebido (EEP), escala de depressão geriátrica (EDG) e inventário de ansiedade geriátrica (GAI-BR). A descrição da amostra foi realizada por média e desvio-padrão das variáveis contínuas e percentuais das variáveis categóricas. Na análise de associação, as variáveis que apresentaram p ≤ 0,10 foram levadas para modelos de regressão e ajustadas entre si, sendo mantidas no modelo final aquelas que apresentaram nível de significância menor que 0,05. A maioria dos 470 respondentes era da faixa etária de 60 a 69 anos (61,3%), do sexo feminino (67,2%), da raça/cor branca (71,1%) e com nível superior ou maior escolaridade (40,6%). A exposição às informações sobre covid-19 ocorreu em 89,4% dos idosos pela televisão e em 71,3%, pelas redes sociais, tendo causado preocupação (76,9%) e medo, tanto da morte de pessoas queridas (76,8%) quanto de adoecer (74%). Esses sinais e sintomas de alterações psicopatológicas estavam presentes em 3,8% das mulheres e 5,9% dos homens, associados à menor nível de escolaridade, diminuição da renda pós-pandemia e ao fato do idoso se sentir afetado pelas notícias sobre covid-19 veiculadas nas redes sociais. Com relação ao estresse percebido, o escore médio foi de 20,5, e altos níveis foram encontrados em 9,78% dos idosos estudados. As variáveis associadas ao estresse foram: exposição a informações pela TV, respostas geradas por informações sobre medo relacionado à covid-19 veiculadas nas redes sociais, rastreio positivo para sofrimento psíquico causado e/ou agravado pela exposição a informações sobre covid-19. Já os sintomas depressivos estiveram presentes em 26,1% dos idosos e estavam associados ao tempo de exposição nas redes sociais, sentir-se afetado pelas informações sobre covid-19 veiculadas nas redes sociais e na televisão, e apresentar rastreio positivo para sofrimento psíquico. O TAG, presente em 18,4% da amostra, esteve associado a sentirse afetado por informações veiculadas no rádio, às respostas geradas pela divulgação de notícias falsas nas redes sociais e de medo relacionado à covid-19 veiculadas no rádio, além do rastreio positivo para sofrimento psíquico. Conclui-se que há associação da infodemia com sintomas de estresse, depressão e ansiedade em idosos. Esses achados podem contribuir para a proposição de estratégias de enfrentamento que impactem positivamente a saúde mental dos idosos.