O que cabe às mulheres no Programa Bolsa Família? Uma história de muitas Marias, Mahins, Marielles e Malês

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Machado, Camila Borges lattes
Orientador(a): Paiva, Fernando Santana de lattes
Banca de defesa: Dantas, Candida Maria Bezerra lattes, Duriguetto, Maria Lúcia lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10544
Resumo: Esta dissertação tece os movimentos de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo foi de compreender os efeitos do Programa Bolsa Família (PBF) na vida das mulheres bolsistas e titulares do programa no âmbito familiar, analisando o papel desempenhado por elas em seus cotidianos e a maneira como percebem a titularidade em suas vidas. O PBF é a principal política de transferência de renda adotada no Brasil, tida como estratégia para minimizar os efeitos da pobreza na vida de um elevado contingente populacional atendido pela política de assistência social. A família é tomada como espaço central de atuação do PBF, tendo as mulheres um papel central, haja vista as condicionalidades existentes para o recebimento do recurso, que exige o desempenho de ações voltadas para o cuidado com seus filhos e filhas nas esferas da saúde e educação, fortalecendo um ideário do cuidado em torno da figura materna. O trabalho de campo foi realizado junto a um grupo de mulheres atendidas em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), no município de Juiz de Fora - MG, durante um período de 07 meses. Como estratégias para a construção dos dados, foi empregada a observação participante em associação com a confecção do diário de campo. Além disso, foi realizado um grupo de discussão que contou com a participação de 18 mulheres (bolsistas e não bolsistas) e, posteriormente, quatro entrevistas semiestruturas baseadas no método da história de vida com mulheres bolsistas do PBF. Dentre os resultados da pesquisa, identificamos que para as mulheres, a titularidade feminina é compreendida como um avanço político importante e que contribui nas tomadas de decisão no âmbito do lar, produzindo efeitos diretos sobre suas vidas. Elas também não identificam problemas no tocante ao cumprimento das condicionalidades do PBF, tendo em vista se tratar de ações que são compreendidas como “naturalmente maternas”. Portanto, a despeito da contribuição do PBF na garantia de mínimos para a sobrevivência destas mulheres e suas famílias, avaliamos a importância de se reconhecer os aspectos contraditórios de tal política, uma vez que o trabalho “natural” de reprodução social sustenta a política, o que repousa em um interesse material e concreto da ideologia patriarcal, tensionando, assim, os processos de autonomia que a literatura aponta.