Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Nonato, Camila Araujo
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Orientador(a): |
Marcilese, Mercedes
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Banca de defesa: |
Lobo Name, Maria Cristina
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Almeida, Roberto G. De
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11732
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Resumo: |
Esta dissertação investiga a compreensão de enunciados irônicos por adultos falantes de português brasileiro (PB), no contexto da psicolinguística experimental. Dois subtipos de ironia são considerados e contrastados com críticas e elogios literais: críticas irônicas (= afirmações positivas com significado negativo pretendido) e elogios irônicos (= declarações negativas com significado positivo pretendido). O processamento de enunciados irônicos tem sido investigado em diversas pesquisas conduzidas com base no inglês (NILSEN; GLENWRIGHT 2011; GLENWRIGHT; PEXMAN 2009; PEXMAN; GLENWRIGHT 2007; GIBBS 2000; COLSTON 1997; DEWS; WINNER 1995; dentre outros). No que tange ao PB, embora estudos anteriores tenham abordado o processamento de linguagem não literal no contexto da psicolinguística experimental (LAGE 2005; RICCI 2016; BARRETO 2017; AVELAR 2018), não foram identificados estudos cujo foco fosse especificamente a ironia. Dado que a ironia pode veicular tanto uma crítica quanto um elogio, uma questão a ser pesquisada é em que medida a compreensão de um enunciado irônico (crítico ou elogioso) seria equivalente à compreensão de uma crítica ou de um elogio literal; outra questão relevante é em que medida informações de natureza prosódica podem influenciar na compreensão da ironia. As seguintes perguntas foram consideradas nesta pesquisa: 1) críticas irônicas e elogios irônicos são processados de forma semelhante? (GLENWRIGHT; PEXMAN 2007); 2) em que medida críticas literais são percebidas como mais “ofensivas” do que críticas irônicas? (Tinge Hypothesis, DEWS; WINNER 1995); 3) a compreensão de enunciados irônicos parece ser influenciada pela forma de apresentação dos mesmos (leitura versus escuta)? Para investigar essas questões, foram conduzidos dois experimentos: no Experimento 1, foram investigados a leitura e o julgamento de enunciados irônicos; já no Experimento 2, os enunciados foram apresentados como estímulos auditivos. Em ambos os casos, os participantes foram apresentados a uma narrativa curta, com duas personagens, cujo desfecho poderia ser negativo ou positivo. Cada narrativa foi seguida por um enunciado proferido por uma das personagens da história, que poderia ser congruente ou incongruente com o desfecho da situação. As variáveis independentes foram: contexto discursivo (evento positivo ou negativo) e tipo de enunciado (congruente ou incongruente com o contexto). As condições experimentais resultantes foram: (i) contexto positivo + enunciado congruente (=elogio literal); (ii) contexto positivo + enunciado incongruente (=elogio irônico); (iii) contexto negativo + enunciado congruente (=crítica literal); e (iv) contexto negativo + enunciado incongruente (=crítica irônica). As variáveis dependentes foram: tempo de reação (na leitura ou na escuta) frente ao enunciado alvo e julgamento deste de acordo com duas escalas: (i) sinceridade da personagem que profere o enunciado; e (ii) gentileza do enunciado de acordo com o ponto de vista da personagem receptora. Os resultados do Experimento 1 revelaram efeitos estatisticamente significativos compatíveis com uma maior dificuldade na compreensão da ironia se comparada a enunciados literais, sendo que, entre os dois subtipos analisados, os elogios irônicos pareceram ser os mais difíceis de serem compreendidos. Já os resultados do Experimento 2 sugerem que a 7 apresentação dos enunciados de forma auditiva pode auxiliar na compreensão da ironia. Esses resultados podem ser tomados como indicativos de que informações de natureza prosódica poderiam fornecer pistas relevantes para a compreensão de enunciados não literais. |