Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Azevedo, Priscila Gomes de
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Orientador(a): |
Souza, Jessé José Freire de
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Banca de defesa: |
Bonet, Octavio Andres Ramon
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Gusmão, Luís Augusto Sarmento Cavalcante de
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/3495
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Resumo: |
Este trabalho consiste em compreender a lógica específica, de determinado "campo", que fomenta, naturaliza e perpetua relações de submissão e exploração. Trata-se de um estudo de casos de "adoção", não legalizada, em duas cidades do interior de Minas Gerais, Guiricema e Visconde do Rio Branco. Nessas cidades, era comum famílias mais abastadas terem o que é conhecido na região por "filhos-de-criação". Os filhos-de-criação eram acolhidos por estas famílias ainda bebês ou crianças e apresentados como filhos, mas tratados como "empregados". A educação que recebiam não era a mesma dada aos filhos biológicos: estes estudavam, trabalhavam, saiam de casa, se casavam etc. Em todos os casos analisados, os filhos-de-criação foram educados para dedicarem suas vidas ao cuidado dos pais, da casa. É um dever de retribuição não explícito, mas incorporado no habitus e na própria "estrutura objetiva" em que foram socializados. Assim, a relação de submissão e exploração acontece de forma natural. A subordinação se dá à família enquanto instituição, ou seja, enquanto algo dotado de "vida própria", de um "espírito coletivo". A sociedade, que não possui as estruturas subjetivas (habitus) necessárias para o reconhecimento deste "jogo", bem como dos seus "alvos", admira os filhos-de-criação e lhes presta respeito ("atitudinal") exatamente pela submissão, a seus olhos voluntária, que estes prestam à família "adotiva". Desse modo, a sociedade contribui para a preservação dessa relação na medida em que só reconhece (e respeita) os filhos-de-criação mediante essa condição. Esse é um jogo muito complexo, também muito articulado, nutrido pelos próprios filhos-de-criação, pela família e pela sociedade. Tudo acontece de forma natural, como se fosse uma escolha. O que está realmente "em jogo" não é percebido por nenhuma das partes. A compreensão dessa realidade empírica se deu à luz das teorias de Pierre Bourdieu e de Charles Taylor. |