Cidadania política e finanças em Machado de Assis: a série A semana (1892-1897)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Vale, Jackson de Souza lattes
Orientador(a): Viscardi, Cláudia Maria Ribeiro lattes
Banca de defesa: Domingues, Beatriz Helena lattes, Rodrigues, João Paulo Coelho de Souza lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2449
Resumo: Na dissertação tentamos demonstrar que desde a caracterização do narrador ficcional da série de crônicas A semana (1892-1897), passando pelo mais recorrente assunto tratado, ou seja, o Encilhamento e a crise que se lhe seguiu, até a crítica das eleições desorganizadas, fraudulentas, violentas e corruptas, e dos eleitores absenteístas que não faziam uso do direito de eleger seus representantes; a principal preocupação do cronista era com o bem público e a cidadania. A crise cambial e financeira desses anos sempre teve como remédio possível a encampação das emissões feitas pelos principais bancos e o arrendamento de ativos do governo federal, como as ferrovias, para a aquisição de novos empréstimos. Ambas as soluções, tão temidas e criticadas pelo cronista, foram executadas. O que significava que os desvarios dos acionistas das sociedades anônimas e do próprio governo seriam divididos com todos os cidadãos contribuintes. A dissertação também trata da cidadania política propriamente dita, ou seja, das referências às eleições e aos trabalhos parlamentares. O narrador critica o grande número de abstenções que aconteciam. Apesar de criticar todos os subterfúgios utilizados para se corromper as eleições, como as fraudes e as ações violentas, o principal responsável pelo mal eleitoral é o próprio cidadão que não faz uso de seu direito ―soberano‖ de escolher os seus representantes. Assim sendo, o narrador se utiliza dessas crônicas para incitar uma maior participação sufragista. Ele o faz de duas maneiras: através de um discurso direto, sem ironia e outras figuras retóricas, falando claramente ao leitor sobre a importância das eleições e do voto. Ou, ironizando e criticando o eleitor de diversas maneiras: seja pela sua preguiça e ignorância sobre o uso de um direito constitucional, seja por seu individualismo exacerbado, que o fazia se preocupar somente com seus interesses financeiros, com o lucro, ou em ganhar dinheiro de maneira ―vadia‖ através dos jogos de azar. Por outro lado, o cidadão que fazia uso do direito de voto podia e devia cobrar dos seus representantes. É o que faz também o cronista. Ele acompanha os trabalhos das assembléias nacionais, estaduais e municipais. Sua principal crítica é a pouca assiduidade dos políticos e as poucas horas trabalhadas. Essa crítica é feita muitas vezes em comparação com a Câmara dos Comuns inglesa, que virava a noite em trabalhos legislativos, de acordo com os telegramas da época. Além disso, o narrador ainda se preocupava com a falta de civismo da população, principalmente com a falta de entusiasmo na comemoração de datas importantes da história brasileira como o Treze de Maio, ou o Sete de Setembro. Segundo ele, o brasileiro tinha em pouca conta o passado e o futuro, e se governava somente pelo presente. Para ele, essa identificação nacional era a contrapartida da cidadania.