A diferença no reconhecimento auditivo (voz humana) entre pacientes com duplo diagnóstico (esquizofrenia e dependência química), dependentes químicos, esquizofrênicos e população não clínica (médiuns)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fayer, Jessica de Oliveira lattes
Orientador(a): Mainieri, Alessandra Ghinato lattes
Banca de defesa: Simas, Maria Lucia de Bustamante lattes, Justi, Francis Ricardo dos Reis lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11461
Resumo: Introdução: Os casos com duplo diagnóstico têm se mostrado um grande desafio na prática clínica principalmente para a realização do diagnóstico diferencial. O objetivo principal deste estudo foi investigar a capacidade de reconhecimento auditivo em populações clínica (dependentes químicos, esquizofrênicos e pacientes com duplo diagnóstico) e não clínica (médiuns) que apresentassem alucinação auditiva, bem como as possíveis características neuropsicológicas que diferenciassem os grupos pesquisados e suas similaridades e diferenças quanto a experiência alucinatória auditiva. Método: Participaram do estudo principal 128 indivíduos [28 participantes com diagnóstico de uso abusivo de substâncias psicoativas de acordo com o DSM-IV e que apresentavam alucinações auditiva; 8 participantes com diagnóstico de uso abusivo de substâncias psicoativas, e que não apresentavam alucinações auditivas; 25 participantes com o diagnóstico de esquizofrenia; 21 participantes com o duplo diagnóstico, ou seja, casos em que não era possível o diagnóstico diferencial entre esquizofrenia e abuso de substâncias psicoativas; 20 médiuns mentalmente saudáveis, que apresentavam alucinação auditiva (escutar seres imateriais) e 26 indivíduos saudáveis (controles). Foi realizado um estudo piloto, dividido em 3 fases. Na primeira fase foi construído o estímulo auditivo, em que 60 participantes saudáveis avaliaram níveis de familiaridade e concretude de 984 palavras. Posteriormente foram selecionadas 210 palavras, gravadas em forma de áudio, e testadas com 30 pessoas distribuídas em 3 grupos (dependentes químicos, esquizofrênicos e grupo controle). Na terceira fase do estudo piloto, selecionou-se 48 palavras também testadas com os mesmo grupos da fase anterior. Os participantes foram selecionados através de uma triagem sobre aspectos de sua saúde mental e consumo de substância psicoativas. Posteriormente foi realizada uma avaliação clínica (SCID, PANSS, O-LIFE-R, SDS) e neuropsicológica (MoCA, Figuras de Rey, Teste Trilhas, PSYRATS). Ao término das avaliações os participantes foram convidados a realizar o paradigma experimental. Este paradigma foi realizado com o auxílio de um computador no qual o participantes ouviram 48 palavras imersas em 12 níveis de ruídos divididas em 4 trials. Foi solicitado que os participantes pressionasse um botão no mouse toda vez que conseguissem distinguir uma palavra em meio ao ruído. Para testar as diferenças entre os grupos em relação as escalas clínicas, testes neuropsicológicos e reconhecimento auditivo, foram utilizadas ANOVAS (p=0,001). Resultados: Quanto a avaliação clínica, o PANSS se mostrou um instrumento importante para diferenciar os participantes, principalmente com respeito ao quesito de comportamento alucinatório (p=0,001). Com relação a avaliação neuropsicológica, não houve diferença significativa entre os grupos clínicos, mas ocorreu diferença significativa entre o grupo clínico e médiuns e controles com relação ao aspecto atencional. No paradigma experimental, verificou-se diferença significativa entre todos os grupos no que se refere a proporção de acerto (p=0,026), taxa de falso alarme (p=0,024) e sensibilidade (p=0,001). Em especial os médiuns apresentaram maior escore de discriminabilidade com respeito ao critério de sensibilidade, ou seja, a característica do participante de distinguir o estímulo auditivo. Conclusão: O conteúdo e gravidade das alucinações e delírios são um importante viés para se diferenciar os grupos clínicos. São necessários mais estudos longitudinais e transversais associados com outros paradigmas auditivos e ferramentas de neuroimagem para se investigar melhor a diferenciação entre grupos clínicos entre si.