Estudo de experiências anômalas em médiuns e não médiuns: prevalência, relevância, diagnóstico diferencial de transtornos mentais e relação com qualidade de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Reichow, Jeverson Rogério Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-18012018-163219/
Resumo: Experiência Anômalas são comuns na população em geral e são, muitas vezes, confundidas com sintomas psicóticos, sem necessariamente serem patológicas. Este estudo teve como objetivo verificar a prevalência das experiências anômalas em uma amostra composta por quatro diferentes grupos da população (Médiuns (n=40), Consulentes (n=36), ARNM (n=40) e Ateus (n=42)), de modo a conhecer os tipos de experiências vivenciadas e sua relevância, relacionando-as com o perfil sociodemográfico e religioso/espiritual dos experienciadores, correlacionando esses dados com qualidade de vida (em dois momentos T0 e T1), esquizotipia, e o diagnóstico diferencial de transtornos mentais. Para a coleta de dados, foi elaborado e aplicado o Q-PREA (Questionário de Prevalência e Relevância de Experiências Anômalas) com 43 itens, juntamente com o MINI-PLUS (Entrevista Psiquiátrica de Transtornos Mentais), o O-LIFE-R (Inventário Reduzido Oxford-Liverpool de Sentimentos e Experiências, que avalia quatro fatores de Esquizotipia), o WHOQOL-BREF (Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde versão abreviada) e o WHOQOL- SRPB (Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida relacionada à Espiritualidade, Religião e Crenças Pessoais da OMS). Dos 158 respondentes (idades de 18 a 64 anos) que participaram da pesquisa, 100,0% alegaram ter vivenciado pelo menos uma experiência anômala. Em relação aos tipos de EAs experienciadas, houve prevalência de 93,7% de Experiências Relacionadas a Psi e de Sonho ESP 63,9%, de ESP em Vigília 79,7%, Sonho Lúcido 69,0% e Experiência Mística 58,2%. Foram encontradas diferenças significantes entre os grupos em termos de gênero, renda, estado civil, religião e religiosidade e crenças de maneira geral. Verificou-se também que a prevalência de experiências anômalas no grupo dos Médiuns foi superior em relação aos demais grupos, e que Médiuns são os que mais crêem em experiências anômalas, reencarnação, em vida após a morte e em práticas alternativas. O grupo ARNM foi o que mais relatou mudanças de atitude em decorrência das EAs. Médiuns e membros do grupo ARNM relataram que mudaram mais suas crenças em função das EAs e que o grupo dos Médiuns foi o que mais sofreu influência das EAs na tomada de decisão. Tal influência está significativamente relacionada à atribuição de causalidade feita para as experiências anômalas vivenciadas. As atribuições de causalidade são coerentes com a crença, adesão ou postura religiosa dos experienciadores. Houve prevalência atual de 36,7% de Transtornos de Ansiedade na amostra, 17,1% de Transtorno Depressivo e 8,2% de Transtorno Bipolar. A prevalência de Algum Transtorno de Ansiedade foi maior no grupo dos Ateus e de Transtornos Depressivos no grupo dos Consulentes. Os fatores de Esquizotipia se correlacionaram negativamente com QV, e Desorganização Cognitiva, Anedonia Introvertida e Não Conformidade Impulsiva se correlacionaram com piores níveis em todos as domínios de QV. O Transtorno de Ansiedade Generalizada esteve associado com pior QV em todos os domínios. Anedonia Introvertida se correlacionou positiva e significativamente com Transtorno Depressivo Atual. Houve correlação positiva e significativa entre Transtorno de Ansiedade Generalizada e Desorganização Cognitiva e Não Conformidade Impulsiva. Também houve correlação positiva e significativa entre Desorganização Cognitiva e Transtornos Depressivos e Ansiosos (A) e com Qualquer Transtorno. Os dados foram discutidos em detalhes, enfatizando-se a complexidade de suas associações e correlações. Os resultados não são conclusivos, mas apontam tendências que já foram encontradas em outros estudos e deverão ser exploradas de forma mais aprofundada em estudos futuros