Trajetos literários em perspectiva: entre a épica camoniana e a reescrita contemporânea na obra Uma Viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Couto, Taciane Aparecida lattes
Orientador(a): Fois-Braga, Humberto lattes
Banca de defesa: Faria, Alexandre Graça lattes, Costa, Lucas Esperança da, Tolentino, Eliana da Conceição, Sacramento, Ozana Aparecida do
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00089
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16592
Resumo: A presente tese realiza uma análise da obra Uma Viagem à Índia (2010), do escritor português Gonçalo M. Tavares, sob o prisma da intertextualidade e da temática da viagem. O livro resulta das estratégias do autor em revisitar a tradição literária e o cânone, promovendo um jogo intertextual com Os Lusíadas (1572), de Luís de Camões . É evidenciado que, em Uma Viagem à Índia, a viagem se multiplica e se desdobra a partir daquela que teve origem na célebre "Ocidental praia Lusitana", mencionada no poema épico de Camões . A análise aponta que o uso da forma épica também desempenha um papel essencial na construção da história do personagem Bloom que, por si, já traduz o diálogo com a tradição, e que parte de Lisboa rumo à Índia, impulsionado pelo desejo de esquecimento e sabedoria. Deste modo, a tese destaca que a obra se constitui em uma tríplice viagem: primeiramente, uma viagem intertextual por meio da própria literatura, especialmente com a rede intertextual com Camões , que estabelece uma tensão parricida entre romper com a tradição e, simultaneamente, reverenciá-la; em segundo lugar, uma viagem física realizada por Bloom, seguindo uma rota distinta daquela traçada em Os Lusíadas, ao passo em que reflete sobre a história narrada por Camões , e por extensão a de Portugal; em terceiro lugar, uma viagem interior ou psicológica, que representa a Melancolia contemporânea (um itinerário), refletindo os sentimentos do protagonista, que já parte acometido por tal estado da alma. Nessa análise, é observado que a viagem de Bloom se afasta daquela feita em Os Lusíadas e aponta para uma espécie de antibildungsroman, visto que, ao final da viagem, ele não se harmoniza com o mundo, pois Bloom não floresce. Dessa forma, este estudo assinala que, ao lermos o turista (Bloom) pela perspectiva do herói, conforme as conjeturas de jornada do herói de Campbell ([1949], 1995), o texto de literatura de viagem nem sempre se alinha a esse ideário, culminando no desfecho da narrativa com a suspensão ou negação do ritual de transformação.