Não aderência farmacológica e não farmacológica em transplantados renais no Brasil: resultados do estudo multicêntrico ADERE Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Elisa Oliveira Marsicano de lattes
Orientador(a): Pinheiro, Hélady Sanders lattes
Banca de defesa: Silva Junior, Helio Tedesco lattes, Fernandes, Paula Frassineti Castelo Branco Camurça lattes, Grincenkov, Fabiana Rossi dos Santos, Bonato, Fabiana Oliveira Bastos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10905
Resumo: Introdução: A não aderência (NAd) aos imunossupressores nos pós transplante renal é fator de risco para pior sobrevida do enxerto. A NAd não farmacológica, como prática de atividade física, abstenção ao tabagismo e ao uso de álcool e comparecimento às consultas, é também parte do tratamento, porém menos estudada. Estudos multicêntricos observacionais num país de grandes dimensões como o Brasil são um desafio operacional. Objetivos: Identificar a prevalência e variabilidade da NAd aos imunossupressores e ao tratamento não farmacológico nos serviços de transplante renal e regiões brasileiras e descrever as estratégias utilizadas para o gerenciamento do estudo ADERE Brasil. Métodos: Estudo observacional, transversal e multicêntrico que incluiu 20 centros de transplante renal. Os centros foram escolhidos por conveniência, seguindo estratégia de amostragem por múltiplos estágios, considerando a atividade transplantadora das regiões (Sul/Sudeste e Nordeste/Norte/Centro-Oeste) e dos centros (baixa - até 50 transplantes/ano; moderada – de 50 a 150 e alta – mais do que 150). A seleção dos pacientes foi randomizada. A prevalência da NAd aos imunossupressores foi avaliada pela Escala Basel para Avaliação da Aderência aos Imunossupressores (BAASIS). Foi considerado não aderente à atividade física menos de 150 minutos por semana; à abstenção ao tabagismo, aquele que fumava no período da coleta; ao álcool pelo consumo excessivo e ao comparecimento às consultas, a falta de pelo menos uma das últimas cinco agendadas. Resultados: O gerenciamento do estudo foi feito através de quatro coordenações: geral, de regulação e de comunicação com centros e estatística, com reuniões semanais até o final da coleta dos dados. Foram criadas identidade visual e estratégias de aproximação e envolvimento dos centros. Da amostra calculada de 1.139 pacientes, 1.105 (97%) foram incluídos no estudo. A maioria dos pacientes eram do sexo masculino (58,5%), 51,4% brancos, com idade de 47,5 ± 12,6 anos. Dos serviços, 75,9% eram da região sul/sudeste, 38,2% eram de baixa atividade e 95,8% tinham equipe multiprofissional. As prevalências de NAd na amostra total e nas regiões (Sul/Sudeste vs. Norte/Nordeste/Centro-Oeste) foram respectivamente: para os imunossupressores 39,7%; 38,1% vs. 44,9% (p = 0,18); para tabagismo 3,9%; 5% vs. 1% (p < 0,001); para atividade física 69,1%; 69% vs. 71% (p = 0,48); falta às consultas 12,7%; 13% vs.12% (p = 0,77) e 0% para o consumo de álcool. A NAd em cada serviço variou de 11 a 65,2% aos imunossupressores; 44,5 a 90% à atividade física; 0 a 23,7% à frequência às consultas; 0 a 14% ao tabagismo. A impressão dos pacientes sobre as práticas clínicas dos centros foi diferente entre as regiões (Sul/Sudeste vs. Norte/Nordeste/Centro-Oeste): insatisfação com a estrutura da sala de espera do serviço 33,4 % vs. 71,9% (p=0,001); insatisfação com o número de profissionais de saúde 39,6% vs. 61,7% (p=0,01); adequação do número de consultas 86,1% vs. 87,9% (p=0,05) e local de retirada dos imunossupressores ser distante 49,9% vs. 66, 9% (p=0.002). Conclusão: Neste primeiro estudo sobre prevalência e variabilidade da NAd ao tratamento em transplante renal nas regiões do Brasil, observamos que a despeito das diferenças entre os centros, apenas a não aderência ao fumo foi maior na região de maior acesso ao transplante renal.